Raquel Landim
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Coluna da Raquel

Raquel Landim é âncora do SBT News. Formada em jornalismo pela USP, com passagem pelos principais jornais do país, é autora do livro reportagem Why Not sobre a delação da JBS pela editora Intrinseca.

Política

Lula muda estratégia sobre o Rio e aposta em mudança da opinião pública

"Não tinha uma ordem de matança e houve a matança", declarou o presidente, nesta terça-feira (4)

Imagem da noticia Lula muda estratégia sobre o Rio e aposta em mudança da opinião pública
Lula muda estratégia sobre megaoperação que deixou 121 mortos no Rio | Ricardo Stuckert/PR
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Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apostam numa reversão da opinião pública sobre a operação policial nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, à medida que as investigações avancem.

É por isso que Lula mudou de estratégia e passou a atacar duramente a operação, classificando-a como “matança” e “desastrosa”. Foram 121 mortos, incluindo 4 policiais, e 99 presos.

O presidente vinha se contendo sobre o assunto depois de uma frase que repercutiu mal, quando disse que “os traficantes são vítimas dos usuários”, e acabou reconhecendo que a expressão foi “mal colocada”.

Segundo pessoas próximas ao presidente, a expectativa sobre a Operação no Rio é que o impacto inicial “decante” e a investigação conduzida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, aponte a suposta “truculência” da ação policial.

Como mostrou a coluna, o parecer da Procuradoria Geral da República (PGR) pode levar meses, mas a expectativa de aliados do presidente é que as informações acabem vindo a público pela imprensa aos poucos.

“O dado concreto é que a operação, do ponto de vista da quantidade de mortes, ela foi considerada um sucesso, mas do ponto de vista da ação do Estado, eu acho que ela foi desastrosa”, disse Lula a jornalistas.

“Vamos ver se a gente consegue fazer essa investigação, porque a decisão do juiz era ordem de prisão, não tinha uma ordem de matança e houve a matança. Acho bom especificar em que condições ela se deu.”

O presidente também teria decidido alinhar seu discurso ao do PT, que vem defendendo que “a polícia não tem autorização para matar”.

Outro objetivo é fazer o enfrentamento político com os governadores de oposição, que estão utilizando a operação nos complexos do Alemão e da Penha para recobrar o fôlego da oposição, num momento em que o Executivo ganhava espaço com o avanço das negociações com os Estados Unidos para o fim do tarifaço.

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