"O Brasil é o país do futuro", acredita futurista Amy Webb
Principal nome do Future Today Institute esteve no país para falar sobre os impactos da inteligência artificial nos negócios e na sociedade nos próximos anos
A futurista mais notável do momento, a norte-americana Amy Webb esteve no Brasil, durante a Febraban Tech, principal evento de tecnologia do setor financeiro, que aconteceu em São Paulo, para falar sobre como as sociedades e as empresas são impactadas pelos avanços da inteligência artificial e fez uma análise positiva do Brasil e o seu papel diante das transformações da tecnologia.
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No painel "A Jornada Responsável na Nova Economia da Inteligência Artificial", a futurista trouxe visões sobre como a IA vem transformando os negócios, com um recorte importante sobre o cenário do Brasil e os desafios globais diante do futuro tecnológico que vem por aí.
Webb analisou o cenário do Brasil diante do mundo de sempre ser visto como o "país do futuro", cujo termo surgiu em 1941, depois mais recentemente após ciclos positivos de crescimento econômico como em 1994, no fim da hiperinflação e surgimento do Plano Real e no grande crescimento do PIB em 2016.
A especialista destacou que o país "está vivendo no passado", devido às grandes empresas brasileiras que "vivem na economia do passado" e que este é o momento das empresas liderarem em direção ao futuro, priorizando a inovação.
"Muitas indústrias estão com medo, mas não estão se transformando. As indústrias criativas estão preocupadas com as transformações, sendo neste momento o mais complexo ambiente de operações em 20 anos".
A futurista, que enxerga o Brasil com otimismo, defende a necessidade de que os líderes e executivos de tecnologia e inovação devem ser convencidos de que a mudança é necessária, que a mudança deve acontecer.
Ela acredita que o país é parte integral da conversa, que o Brasil seja produtor e não apenas consumidor de alta tecnologia.
Humanidade entra no "superciclo tecnológico"
Recentemente a futurista divulgou a 17ª edição do relatório Tech Trends Report, que tem quase 1000 páginas e analisou 695 tendências e 95 possíveis cenários futuros.
No painel ela observou detalhes deste estudo e apontou que no centro do desenvolvimento da humanidade haverá três tecnologias: a Inteligência Artificial (IA), Sensores e Biotecnologia.
Sendo que cada tecnologia pode reformatar a economia da sociedade, onde em sua combinação pode trazer uma "explosão de demandas", assim como foi a criação do motor a vapor, na primeira Revolução Industrial, e que vai impactar vários lugares do mundo, que estarão conectados entre si.
"Existe um superciclo tecnológico e nunca aconteceu antes na história da humanidade", sentencia Webb.
Sendo assim, a futurista considera que neste momento somos a "geração de transição", a Geração T ou GenT, onde a humanidade vai acompanhar a forma que a inovação vai moldar as vidas humanas para sempre.
Três tendências para a IA
Amy Webb trouxe para o palco da Febraban Tech as três principais tendências para o aprimoramento da inteligência artificial em relação aos negócios e para a sociedade.
Além disso, ela argumentou como a IA deve ser aperfeiçoada conforme a experiência do usuário, sendo que estará cada vez mais conectado com sensores, que vão fornecer dados o tempo todo, e programas de computador que serão cada vez mais personalizados para atender as demandas e necessidades dos usuários humanos.
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Confira o que a futurista destacou:
Assistência persistente automatizada
A inteligência artificial é boa, mas ainda precisa de ajuda manual, o que seria necessário um melhor sistema de IA que poderia ser automatizado, onde a tecnologia teria mais autonomia para dar sugestões, além dos dados que ela foi treinada, que tivesse mais autonomia para tomar decisões, para entregar outros resultados.
Essa tecnologia seria a RAG, ou geração aumentada de recuperação, que otimiza os modelos de linguagem de forma que ela faça a referência a uma base de conhecimento confiável, fora de suas fontes de dados de treinamento, antes de gerar uma resposta. Os celulares poderiam ser estas bases locais para aprimorar a RAG, atuando como um sistema próprio.
Inteligência artificial embutida
A inteligência artificial bateria no fim da internet com todos os dados disponíveis, mas os grandes bancos de dados, os grandes modelos de linguagem (LLMs), não seriam mais suficientes, se esgotariam e seria necessário trazer outras fontes de dados.
Assim, criando os Large Action Models, ou grandes modelos de ação, que vão prever o que acontecer na sequência. Isso aconteceria por meio de uma explosão de dispositivos conectáveis, os sensores, que estariam cada vez mais integrados às pessoas, para fornecer informações e dados o tempo todo e, assim, facilitando a vida das pessoas.
O modelo Rabbit R1, dispositivo assistente, anunciado e vendido no CES (Consumer Electronic Show), em Las Vegas, no começo deste ano, seria um exemplo dessa nova experiência.
Software on Demand ou Programas sob Demanda (SOD)
Os programas de computador são complexos, mas poderiam ser desenvolvidos sob ambientes mais simples para atender as demandas específicas conforme as necessidades das pessoas ou das empresas, deixando de lado softwares ineficientes e caros, para programas que de fato atendam as necessidades das pessoas.
Ou seja, criando aplicativos de atendimento mais personalizados, como bancos mais pessoais, programas que façam relacionamentos mais humanizados para oferecer serviços de forma menos invasivos e mais empáticos.
Por exemplo, ao invés do banco se tornar um 'inimigo' ao informar que o cliente não tem dinheiro, no qual Amy Webb considera como um 'relacionamento estranho', a instituição financeira pode conduzir a relação para uma jornada de forma mais agradável para melhorar o relacionamento e a confiança, tornando a experiência agradável.
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Humanos não estão obsoletos
No final do painel Amy Webb considera que os humanos não estão obsoletos com a chegada da inteligência artificial.
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Ela reforça que a questão agora é "agregar as habilidades" aprendidas diante da nova tecnologia.
"Você é uma pessoa que tem habilidades incríveis e tem que trabalhar com pessoas que têm habilidades complementares", reforça.
Para ela, a questão agora não é perder o emprego, pois ela observa que com a IA, os empregos passarão por uma evolução.
"Não é o caso de perder o emprego. Muitos empregos vão evoluir", analisa Amy.