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Tecnologia

"Precisamos ter indústria de microeletrônica nacional", diz presidente da Abimde

Roberto Gallo Filho participou do painel Insumos Estratégicos para a Defesa, do Congresso Abipti

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Roberto Gallo Filho sorrindo (Reprodução/LinkedIn)
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O presidente do conselho diretor da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde) e CEO da Kryptus, Roberto Gallo Filho, afirmou nesta 3ª feira (29.ago) que é necessário existir uma indústria de microeletrônica nacional.

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"Essa é a coisa mais crítica que a gente precisa ter. Para tudo? Não. São aplicações específicas, mas a gente precisa ter. Porque se você não tem uma indústria de microeletrônica nacional e de software básica, não tem contra quem recorrer. Então o nosso sistema de combate com componente americano não combaterá contra americano ou interesses aliados americanos. Da mesma forma que um sistema de combate chinês não combaterá contra o interesse chinês ou aliados chineses", complementou.

As declarações foram dadas durante apresentação no painel Insumos Estratégicos para a Defesa, do Congresso Abipti, no Parque Tecnológico de Brasília. Roberto ressaltou ainda que softwares podem ter dois tipos de defeitos, os acidentais e os propositais. "Existem defeitos acidentais. Mesmo quando você escreve um pedaço do software com todo cuidado, você deixa bugs. Não existe nada livre de bugs, que eventualmente podem ser explorados", disse.

"E existem os defeitos propositais, aqueles que são colocados como forma de sabotagem direta ou simplesmente uma forma de acesso administrativo, ou interceptação legal, chame do jeito que você quiser. O resultado é que para aplicações muito críticas, isso abre uma grande janela de vulnerabilidade. Tanto é assim que americanos, em infraestrutura crítica, proibiu os sistemas chineses, e nos sistemas governamentais chineses foram proibidas tecnologias americanas".

Investimentos

Ainda no Congresso Abipti, em entrevista ao SBT News, o presidente executivo da Abimde, general de divisão da reserva Aderico Mattioli falou sobre temas como o investimento na área da defesa e o 7 de Setembro. Questionado sobre se considera uma medida importante o fato de que parte dos investimentos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado neste mês, serão para as Forças Armadas -- para desenvolvimento, pesquisa e aquisição de equipamentos, por exemplo --, Mattioli disse que sim. 

"Como já a gente sempre se posiciona, o poder da compra púbica é que ativa as capacidades, no mínimo as mantém. Então nós temos uma série de iniciativas que não podem ser perdidas. As nossas gerações investiram, nós adquirimos capacidades, o risco de perdê-las está aí, é inerente. Essas capacidades, de um modo geral, não conseguem sobreviver no espaço mercadológico", justificou.

"Então o valor social não está exatamente no monetário, está no valor de soberania, de tradução de transbordo tecnológico que vai ter para o futuro, em benefício sempre para a sociedade. Tudo que a gente insiste é que a gente busca a defesa pela soberania, ok, mas também para gerar desenvolvimento e sustentabilidade para que a sociedade se beneficie", complementou.

Ainda de acordo com ele, "em última análise, desenvolvimento e defesa não se separam, a sociedade é beneficiada nos dois sentidos. Então eu acho que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações tem feito um esforço muito grande de preservação das capacidades e aquisição de novas, dentro das limitações que a gente tem. O próprio Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico foi liberado em grande parte, isso beneficiou".

Para Mattioli, os recursos obrigatórios da União são cada vez mais "conflitantes" com os discricionários. "Há um teto, chame de teto de gastos, chame de limites, o Executivo não pode gastar mais do que arrecadada, do que tem numa série histórica. Todos os países têm uma limitação. Nós, de um modo geral, temos esse conflito dos recursos obrigatórios com os discricionários, e os discricionários permitem investimento".

Ele prosseguiu: "Então quando você, no meu entendimento, é opinião pessoal de quem tem uma bagagem acumulada, tem uma dificuldade muito grande de comprimir os recursos obrigatórios. Porque, primeiro, eles são obrigatórios. E outro, são talentos. Em última análise, nós estamos falando de talentos. O que está fora da curva, que tem um desvio, e eu acredito que a Defesa tem se manifestado nesse sentido, é o percentual do PIB aplicado à Defesa".

O Brasil, ressaltou, "pelo tamanho que tem, pela estatura geopolítica, estratégica, aplica muito pouco. Nós estamos acho que com 1,2% do PIB. Não traduz a realidade. E de um modo essa curva seria 2%. Então, numa visão, assim, externa, minha, pessoal, o que se pretende seria resgatar progressivamente esse percentual do PIB, chegar até 2%, mas não sangrando o principal produto da defesa, estratégia e defesa, que é o homem". Nas palavras de Mattioli, "nós precisamos ter os melhores pilotos, os melhores cientistas, os melhores soldados, nós temos que ter essas virtudes".

Em relação ao 7 de Setembro, disse entender como sendo uma oportunidade que o país tem de mostrar uma capacidade dissuasória. "Você pode ter certeza que os adidos que normalmente participam ali, que veem os desfiles [militares], eles observam. E tudo que está ali, foi produzido aqui. Se não tudo, grande parte. Então esse é um fator importantíssimo, oportunidade ímpar. Que todos os países usam, todos os países fazem isso".

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