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Economia

Com juros altos e inflação, retiradas da poupança triplicam no Brasil

Brasileiros sacaram R$ 57,4 bi no quadrimestre de 2023 ante R$ 23,6 bi no mesmo período de 2022

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homem utiliza caixa eletrônico da Caixa Econômica Federal
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Nos últimos dois anos, os brasileiros viram a Taxa Básica de Juros (Selic) subir de 2% para 13,75% ao ano. No período, o cenário de alta na inadimplência, endividamento e inflação, somados à elevação do juros, formaram a tempestade perfeita para que, mês a mês, os saques da poupança batessem recordes. Nos quatro primeiros meses de 2023, as retiradas somaram 66,2 bilhões, quase três vezes mais (143,2%) do que no mesmo período do ano passado, de acordo com um levantamento exclusivo do SBT News com dados do Banco Central.

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Retirada da poupança no quatro primeiros meses de 2022 e 2023 | SBT
Retirada da poupança no quatro primeiros meses de 2022 e 2023 | SBT

Os números também revelam que o juro médio cobrado nas modalidades de crédito disponíveis para pessoa física subiu de 40,7% ao ano, em março de 2021, quando a Selic começou a subir, para 58,3% em março deste ano, uma alta de 43,2%. Entre as altas que chamam mais atenção estão a do crédito pessoal, que ficou 25% mais caro, e do rotativo do cartão de crédito, que encareceu 28,1%. No período, o saldo de operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) cresceu 30,7%, passando de R$ 4,36 trilhões para R$ 5,36 trilhões.

Juro médio no cartão de crédtio rotativo| SBT
Juro médio no cartão de crédtio rotativo | SBT
Taxa média de juro pago pela pessoa física | SBT
Taxa média de juro pago pela pessoa física | SBT

Para o professor de economia da FGV, Joelson Sampaio, o ciclo de alta da taxa básica de juros explica boa parte dos resultados de aumento da inadimplência e do aumento do preço do crédito para pessoa física, porém não é o único fator: "O Brasil precisa resolver a questão fiscal. Sem a aprovação do arcabouço, a incerteza continua elevada, então o retorno dos investidores para comprar a dívida pública brasileira é maior", explica.

Apontado como um remédio necessário, porém amargo, o ciclo de altas da taxa básica de juros foi adotado como mecanismo de combate à inflação pelo Banco Central. O Governo Lula, por sua vez, tem criticado continuamente o BC, defendendo a queda da Selic. Apesar da pressão, o Copom tem enfatizado que as incertezas sobre o Arcabouço Fiscal, em tramitação no Congresso Nacional, e a conjuntura econômica "demandam paciência".  Em sua terceira reunião de 2023, na última quarta-feira (3.maio), o Copom não descartou retomar o ciclo de ajuste, inclusive para cima, caso o processo de desinflação não ocorra como esperado.

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