Tumores no cérebro: conheça sintomas, diagnóstico e novas opções de tratamento
Entenda como esses tumores surgem, quais sinais exigem atenção e quais tratamentos podem melhorar a qualidade de vida


Brazil Health
Os gliomas são um grupo de tumores cerebrais que se originam nas células da glia, responsáveis por sustentar e proteger os neurônios. Embora pouco conhecidos pelo público, correspondem a cerca de 30% de todos os tumores cerebrais e a até 80% dos tumores malignos primários do sistema nervoso central. O termo glioma não define uma única doença, e sim uma família de tumores com comportamentos distintos, que vão de lesões de crescimento lento a formas altamente agressivas, como o glioblastoma.
Esses tumores podem surgir em qualquer faixa etária, mas são mais comuns em adultos, com pico de incidência entre 40 e 60 anos. Os sintomas variam conforme a localização e o tamanho da lesão e podem incluir dor de cabeça persistente, convulsões, alterações visuais, dificuldade para falar, perda de memória, fraqueza em braços ou pernas e mudanças de comportamento. Em muitos casos, os sinais iniciais são sutis, o que pode atrasar o diagnóstico.
Classificação e impacto clínico
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica os gliomas em graus I a IV, de acordo com a agressividade. Os de baixo grau (I e II) tendem a crescer mais lentamente e podem permanecer estáveis por anos, mas exigem acompanhamento constante. Já os de alto grau (III e IV) são mais agressivos, crescem rapidamente e, em geral, têm pior prognóstico.
Os principais subtipos de glioma incluem:
· Astrocitomas – derivados dos astrócitos, podem variar de tumores benignos até o glioblastoma (grau IV), o mais comum e agressivo.
· Oligodendrogliomas – costumam crescer mais lentamente e responder melhor à quimioterapia, mas ainda representam uma ameaça significativa.
· Ependimomas – originados nas células que revestem os ventrículos cerebrais e o canal da medula espinhal, mais comuns em crianças.
O impacto clínico é significativo, não apenas pela agressividade de alguns subtipos, como também por estarem localizados em áreas críticas do cérebro, onde mesmo tumores pequenos podem comprometer funções vitais.
Avanços no diagnóstico e tratamento
O diagnóstico dos gliomas envolve exames de imagem, sobretudo a ressonância magnética, que avalia a localização e a extensão da lesão. Em muitos casos, é necessária biópsia para confirmar o tipo de tumor e orientar o tratamento. Nas últimas décadas, análises genéticas e moleculares passaram a ser incorporadas, permitindo identificar alterações específicas que ajudam a prever a evolução da doença e a personalizar a terapêutica.
O tratamento dos gliomas depende de múltiplos fatores: idade do paciente, localização do tumor, grau de agressividade e estado geral de saúde. A cirurgia é, sempre que possível, a primeira abordagem, com o objetivo de remover o máximo de tecido tumoral sem comprometer funções neurológicas. Técnicas modernas, como cirurgias com o paciente acordado e o uso de neuronavegação, aumentam a precisão e reduzem o risco de sequelas. Após a cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia são frequentemente utilizadas, especialmente em tumores de alto grau.
Nos últimos anos, pesquisas com imunoterapia e terapias-alvo têm trazido novas perspectivas. Estudos internacionais mostram resultados promissores em pacientes com alterações específicas, que respondem melhor a medicamentos desenvolvidos para bloquear mecanismos moleculares do tumor. Embora ainda não sejam soluções definitivas, esses avanços representam esperança em uma área historicamente desafiadora da oncologia.
Os gliomas continuam sendo um dos maiores desafios da neurocirurgia e da neuro-oncologia. No entanto, a combinação de diagnóstico precoce, técnicas cirúrgicas mais seguras e terapias inovadoras vem transformando a forma de lidar com a doença. Para os pacientes e suas famílias, a mensagem é clara: informação, acompanhamento especializado e acesso a novas opções de tratamento são fundamentais para enfrentar esse tipo de tumor cerebral com mais segurança e qualidade de vida.
* Cesar Cimonari de Almeida é neurocirurgião e membro da Brazil Health









