Saiba quem tem direito a se vacinar gratuitamente contra o HPV, que pode causar câncer
Março Lilás conscientiza população para prevenção do câncer do colo de útero; vacinação contra HPV está disponível no SUS
Camila Pergentino
Há dez anos, a vacina que protege contra o Papilomavírus Humano (HPV) foi incorporada ao Programa Nacional de Imunizações, e tem como foco jovens de 9 a 14 anos, por ser mais eficiente quando aplicada antes do início da vida sexual. O imunizante, disponível em mais de cem países, protege contra o terceiro câncer mais comum entre mulheres. O Ministério da Saúde estima que cerca de 17 mil brasileiras serão diagnosticadas com a doença entre 2023 a 2025.
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A taxa de infecção pelo HPV é de 54,4% em mulheres e 41,6% em homens que já iniciaram a vida sexual, conforme pesquisa encomendada pelo Ministério da Saúde feita por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS). No entanto, nos últimos anos, houve queda na cobertura vacinal.
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Nos registros mais recentes disponibilizados no DataSUS, a cobertura vacinal caiu de 61,55%, em 2019, para 52,16%, em 2022 entre os meninos. Já entre as meninas, 87,08% receberam a primeira dose da vacina em 2019, e em 2022, a cobertura caiu para 75,81%.
“A tetravalente contra o HPV protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do vírus, os principais causadores da doença. É preocupante ver esse tipo de tumor avançando quando sabemos que ele pode ser prevenido”, diz Marcela Bonalumi, oncologista da Oncoclínicas.
Além do câncer do colo do útero, o imunizante protege contra tumores provocados pelo mesmo vírus, como é o caso de câncer na vulva, vagina, região anal, pênis, boca e garganta.
Prevenção
A vacinação é uma das formas de prevenção, mas também é importante realizar os exames de rotina ginecológica, como o Papanicolau, no caso das mulheres. "Ele é muito importante para identificar lesões pré-cancerosas e agir rapidamente contra o câncer do colo do útero", alerta Marcela.
Sintomas e tratamento
O câncer de colo de útero em estágios iniciais não possui sintomas, mas em estágios mais avançados, pode causar dor na relação sexual ou sangramento vaginal, fraqueza decorrente da anemia, inchaço nas pernas, dores nas costas, problemas urinários ou intestinais e perda de peso.
No tratamento, a médica explica que podem ser realizadas cirurgias, radioterapia e/ou quimioterapia. "Na cirurgia, ocorre a retirada do tumor ou do útero, quando necessário. Quando a doença apresenta estágios mais avançados, são realizadas sessões de radioterapia e quimioterapia".
Diagnóstico precoce
Apesar de a doença ser silenciosa, quando descoberta precocemente pode haver uma redução de até 80% na mortalidade pelo câncer do colo do útero. "Muitas mulheres não descobrem na fase inicial. Sempre aconselho as pacientes a realizarem periodicamente seus exames de rotina, como o Papanicolau. Além disso, é fundamental que sejam consumidas informações de qualidade, sendo essa uma das principais aliadas ao combate do HPV", ressaltou a médica.
Quem pode se vacinar
No SUS, a vacina está disponível para meninos e meninas de 9 a 14 anos no esquema de duas doses com intervalo entre seis meses. Adultos imunossuprimidos (com HIV/Aids), transplantados ou pacientes oncológicos de até 45 anos também podem receber a vacina gratuitamente, mas, neste caso, são aplicadas três doses. Para o restante da população, a proteção pode ser encontrada na rede privada e custa aproximadamente R$ 1 mil as duas doses.