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Proteína criada pela UFRJ ajuda pacientes com lesão na medula a recuperar os movimentos

Administração de polilaminina fez com que um bancário de 30 anos voltasse andar após passar semanas com o corpo paralisado; entenda

Imagem da noticia Proteína criada pela UFRJ ajuda pacientes com lesão na medula a recuperar os movimentos
Bruno Drummond de Freitas, vítima de um grave acidente de carro que causou lesão cervical completa , foi um dos beneficiados | Divulgação
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Quando acordou da cirurgia sem conseguir movimentar o corpo após um grave acidente de carro, o bancário Bruno Drummond de Freitas, de 30 anos, ouviu dos médicos que viveria o resto da vida em uma cadeira de rodas. Seu diagnóstico era uma lesão cervical completa. Ele estava tetraplégico.

“Depois, falaram que talvez conseguisse andar com muletas. Mas eu nunca perdi a esperança", relatou.

Duas semanas depois, durante a internação, um detalhe mudou tudo: conseguiu mexer o dedão do pé.

+ Tratamento inédito com células-tronco faz homem com paralisia ficar em pé sozinho

“Foi um choque para todo mundo. A cada semana eu evoluía mais”, conta.

Meses depois, já andava novamente, voltou a trabalhar e hoje pratica esportes e trilhas.

“Eu fui a segunda pessoa a receber essa medicação. Se não fosse a pesquisa, estaria em uma cadeira de rodas, sem perspectiva de futuro”, afirma.

A história de Bruno só foi possível graças a uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O estudo utiliza a polilaminina, uma proteína produzida em laboratório que já apresentou resultados inéditos em pacientes humanos e está em fase de testes clínicos, com financiamento da FAPERJ.

Como funciona o tratamento?

Inspirada na laminina, uma proteína natural presente no corpo durante a fase embrionária, responsável por orientar conexões entre neurônios, a polilaminina foi recriada em laboratório pela pesquisadora Tatiana Sampaio, da UFRJ, a partir de proteínas extraídas de placentas humanas.

Aplicada diretamente na medula espinhal durante cirurgia, ela forma uma espécie de malha que guia os neurônios a se reconectarem, restabelecendo a comunicação elétrica entre as células nervosas. O procedimento é realizado em uma única aplicação, geralmente até 72 horas após o acidente, aumentando as chances de recuperação motora.

Segundo os pesquisadores, todos os pacientes tratados até agora apresentaram algum grau de melhora, de movimentos parciais a recuperações quase completas, como a de Bruno. O tratamento tem devolvido mobilidade a braços, pernas e abdômen, permitindo que pessoas retomem atividades básicas e autonomia.

A equipe da UFRJ acredita que, no futuro, a técnica possa beneficiar até mesmo pacientes com lesões antigas, algo que até hoje a medicina considerava irreversível.

Próximos passos

Para a presidente da FAPERJ, Caroline Alves, os resultados mostram como o investimento público em pesquisa pode gerar benefícios diretos para a sociedade.

“O que começou em laboratório e agora se confirma em pacientes humanos mostra que a ciência pode transformar vidas. É emocionante pensar que pessoas que perderam os movimentos possam voltar a andar graças a um estudo feito no Rio de Janeiro, com apoio da FAPERJ”, afirma.

A expectativa é que, após a aprovação da Anvisa, a polilaminina passe a integrar os protocolos hospitalares no tratamento de vítimas de trauma.

*Com informações da Faperj

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