Libido em baixa? Causas vão além do hormonal e merecem atenção
Desejo sexual reduzido é comum entre mulheres e pode estar ligado a fatores emocionais, relacionais e medicamentosos, exigindo avaliação individualizada

Brazil Health
A diminuição da libido é uma queixa comum entre mulheres de diferentes idades — e, muitas vezes, é atribuída exclusivamente às mudanças hormonais, como as que ocorrem na menopausa. Mas a ciência já comprova que o desejo sexual feminino é influenciado por uma série de fatores físicos, emocionais e sociais. Reduzir o problema a uma simples questão de estrogênio ou testosterona é não apenas incorreto, mas pode atrasar a identificação das verdadeiras causas e o início de um tratamento eficaz.
Tadalafila: Uso indevido de remédio masculino por mulheres preocupa especialistas
Muito além dos hormônios: por que a libido diminui
Os hormônios sexuais, como estrogênio e testosterona, têm papel importante na regulação do desejo sexual. Alterações nesses níveis — comuns na menopausa, no pós-parto ou com o uso de determinados contraceptivos — podem, sim, influenciar a libido. Mas eles estão longe de ser os únicos responsáveis.
Fatores emocionais como estresse, ansiedade, depressão e baixa autoestima têm impacto direto sobre o desejo sexual. A imagem corporal — como a mulher se vê e se sente em relação ao próprio corpo — também é determinante. Além disso, problemas de relacionamento, comunicação insatisfatória com o parceiro, ou conflitos afetivos podem minar o interesse sexual.
+ Os riscos mais graves do uso de tadalafila: de AVC a priapismo; entenda
O uso de alguns medicamentos, especialmente antidepressivos da classe dos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), é conhecido por reduzir a libido. Da mesma forma, anticoncepcionais hormonais, anti-hipertensivos e outros fármacos podem interferir na resposta sexual.
A dor durante a relação sexual (dispareunia), comum em casos de secura vaginal, endometriose ou infecções, também desestimula o desejo. E, claro, condições médicas como diabetes, distúrbios da tireoide e doenças cardiovasculares podem impactar indiretamente a saúde sexual feminina.
Como é a avaliação médica?
Diante de uma queixa de libido baixa, o ginecologista tem papel fundamental. Mais do que solicitar exames, é essencial que o atendimento proporcione um ambiente de acolhimento e escuta, sem julgamentos. A avaliação inclui:
• histórico médico e sexual detalhado;
• discussão franca sobre fatores emocionais e de relacionamento;
• exame físico, incluindo avaliação ginecológica;
• exames laboratoriais, quando necessário, para investigar alterações hormonais ou metabólicas.
Essa abordagem ampla e cuidadosa é essencial para que se identifique não apenas o sintoma, mas suas causas profundas — que muitas vezes são múltiplas e interligadas.
+ Confira 5 benefícios físicos e mentais da prática, segundo a ciência
Tratamentos: uma solução para cada mulher
O tratamento da baixa libido deve ser sempre individualizado e pode envolver diferentes estratégias, conforme a causa identificada:
• terapia sexual: indicada para trabalhar questões emocionais e comportamentais que interferem no desejo
• terapia de casal: pode ser essencial quando fatores relacionais estão na raiz do problema
• ajustes de medicamentos: troca ou ajuste de antidepressivos ou outros fármacos que possam estar impactando a libido
• tratamento de condições médicas: controle de doenças crônicas que afetam a saúde sexual
• reposição hormonal: pode ser indicada de forma criteriosa, principalmente na menopausa, para aliviar sintomas como secura vaginal e recuperar o bem-estar sexual
• uso de medicamentos específicos: em casos selecionados, drogas aprovadas para o tratamento da baixa libido feminina podem ser consideradas
É importante reforçar: a decisão sobre o tratamento deve ser compartilhada entre médica e paciente, respeitando o histórico, as expectativas e os limites de cada mulher.
Libido em baixa não é motivo de vergonha — é um sinal de que algo no corpo ou na mente precisa de atenção. Buscar ajuda especializada, sem tabus e com informação de qualidade, é o primeiro passo para recuperar o prazer, a saúde e a qualidade de vida.
*Ana Horovitz, ginecologista e membro da Brazil Health (CRM 111739)