Falta de acesso ao dentista atinge um em cada três brasileiros, revela pesquisa
O estudo destacou que 74% da população procura a rede privada, enquanto apenas 23% utiliza os serviços odontológicos do SUS
Marcelo Bittencourt
De acordo com um estudo recente realizado pela ABIMO (Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos) em parceria com o Conselho Federal de Odontologia (CFO), 32% dos brasileiros não foram ao dentista nos últimos 12 meses, mostrando um grande abismo no acesso à saúde bucal.
O levantamento, que abrangeu o período de dezembro de 2023 a dezembro de 2024, revela que a falta de acesso a tratamentos odontológicos está diretamente ligada à renda e ao nível de escolaridade da população.
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A pesquisa aponta que 75% das pessoas com ensino superior buscaram atendimento odontológico, enquanto apenas 54% dos brasileiros com escolaridade básica tiveram o mesmo acesso. Em relação à renda, a desigualdade é ainda mais expressiva: 80% das pessoas com rendimentos superiores a 10 salários mínimos procuraram atendimento odontológico regularmente, contra 59% daqueles com até um salário mínimo.
O estudo também destacou que, enquanto a rede privada atende 74% da população, apenas 23% dos brasileiros procuraram os serviços odontológicos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A disparidade entre as duas formas de atendimento, privada e pública, reflete a falta de acesso aos tratamentos necessários, principalmente entre as camadas mais vulneráveis da sociedade.
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Em resposta a essa realidade, projetos sociais como o Projeto 32, criado pelo dentista Manoel Eduardo de Lima Machado, têm se destacado como iniciativas transformadoras. Todos os anos, 60 pessoas são selecionadas para receber tratamentos odontológicos completos, incluindo próteses dentárias, restaurações e até implantes, tudo de forma gratuita. O nome do projeto faz referência aos 32 dentes que todos temos, simbolizando a busca pela recuperação da saúde bucal de forma integral.
O Projeto 32 não só ajuda a restaurar o sorriso de centenas de pessoas, mas também contribui para a conscientização sobre a importância da saúde bucal, um direito garantido pela Lei da Política Nacional de Saúde Bucal. A iniciativa tem sido crucial para melhorar a qualidade de vida de muitos brasileiros que, devido à falta de recursos, não teriam acesso aos cuidados odontológicos essenciais.
Além disso, o estudo do CFO ressalta a importância de uma mudança cultural no Brasil, onde, por muitos anos, a população procurava atendimento odontológico apenas em casos extremos, como dores intensas ou fraturas. A educação sobre prevenção e a conscientização sobre a necessidade de cuidados regulares com a saúde bucal são fundamentais para mudar esse cenário.
