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Saúde

Falha de implantação recorrente: quando o embrião parece bem, mas a gravidez não acontece, o que investigar?

Ausência de gestação após sucessivos ciclos de fertilização in vitro exige uma análise minuciosa do embrião, do útero e da saúde feminina

Imagem da noticia Falha de implantação recorrente: quando o embrião parece bem, mas a gravidez não acontece, o que investigar?
Problemas seguidos de implantação de embriões precisam ser investigador. | Imagem criada por Inteligência Artificial
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Quando um casal escuta que “os embriões estão ótimos” e, mesmo assim, o resultado do teste de gravidez vem repetidamente negativo, além da frustração surge o que os especialistas chamam de falha de implantação recorrente. A definição de falha de implantação depende da idade da mulher, do número de embriões transferidos e se foram transferidos embriões que foram analisados geneticamente. Este número pode variar entre 2 transferências em casos de embriões com número normal de cromossomos até 6 transferências de embriões sem análise genética em pacientes com mais de 40 anos. Nessa etapa, já está claro que a implantação não depende apenas da aparência do embrião: trata-se de um processo complexo entre o embrião e o endométrio (revestimento interno do útero). Se algo interfere nessa relação, a implantação pode fracassar.

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Onde podem estar os problemas?

1. Fatores genéticos embrionários – Um embrião com formato adequado pode carregar alterações cromossômicas importantes (aneuploidias) que não podem ser detectadas pela sua aparência;

2. Problemas uterinos – Pólipos, miomas, septos, aderências ou inflamações (endometrite crônica) podem tornar o endométrio “hostil” à implantação;

3. Condições sistêmicas maternas – Trombofilias hereditárias (quando há histórico pessoal ou familiar) ou adquiridas (p. ex., síndrome antifosfolípide) e alguns desequilíbrios imunológicos podem atrapalhar a implantação ou provocar um abortamento precoce.

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Opções de ferramentas de investigação disponíveis

· histeroscopia diagnóstica – visualiza a cavidade uterina em alta definição. Permite o diagnóstico de pólipos, miomas, aderências, septos e infecções;

· biópsia de endométrio – permite avaliar a presença de inflamação crônica (endometrites) que pode prejudicar a implantação;

· painel de trombofilias – pesquisa de mutações e alterações como Fator V de Leiden, gene da protrombina, antitrombina III, proteína S e C, anticorpos antifosfolípides, entre outros.

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Estratégias de tratamento: evidências e limites

· cirurgia histeroscópica – remove pólipos, aderências, miomas submucosos ou septos e restaura a arquitetura uterina;

· antibióticos dirigidos – quando a biópsia confirma endometrite crônica, um ciclo de antibiótico específico pode normalizar o microbioma do endométrio;

· anticoagulação (heparina + AAS) – recomendável apenas se a trombofilia for comprovada; reduz o risco de abortamentos;

· teste genético pré-implantacional (PGT-A) – seleciona embriões com número de cromossomos normais, mas não elimina todos os casos de falha de implantação.

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Expectativa realista é parte do tratamento

Mesmo com tantos avanços, a medicina reprodutiva ainda não oferece uma solução única para todas as causas de falhas de implantação. A medida mais acertada é individualizar a investigação, discutir abertamente o grau de comprovação de cada tratamento e lembrar que, às vezes, é preciso persistência e mais de uma estratégia combinada para que se consiga a gestação.

*Dani Ejzenberg é ginecologista e especialista em Reprodução Assistida – Clínica Nilo Frantz e membro da Brazil Health (CRM 100673)

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