Entenda o que é "piolho-do-mar”, que provoca coceiras e tem aparecido em crianças no litoral de SP
Condição que traz pontos avermelhados, coceira intensa e ardor na pele é transmitida por larvas de água-viva no mar; veja como prevenir
Wagner Lauria Jr.
"Minha filha de 9 anos começou a se coçar, fui olhar e encontrei na região da barriga bolinhas vermelhas. Estávamos viajando com amigos, em uma das praias do município de Bertioga [litoral norte de São Paulo], e a amiguinha dela também estava com a mesma irritação na pele e coceira. Mandei a foto da barriga da minha filha para uma infectologista da nossa família e ela logo disse que estava recebendo o mesmo relato também de outras famílias, que deveria ser "piolho d'água".
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O relato acima é da turismóloga Verônica Rocha, que após uma viagem de final de semana com amigos e família, para a praia de Guaratuba, em Bertioga, litoral norte de SP, notou os sinais na pele da filha.
Ela entrou em contato com a infectologista Rosana Ritchmann, que afirmou ter visto o quadro em outras duas crianças que estiveram na região, com "uma coceira terrível". Outro relatos estavam chegando de pessoas que frequentaram a praia na Riviera de São Lourenço, também em Bertioga.
Até o momento, a prefeitura do município não tem registro de atendimento de casos deste tipo no sistema de saúde da cidade. Em 2022, porém, houve um surto do "prurido" em São Sebastião, cidade vizinha a Bertioga e que divide a mesma costa litorânea. Na época, o município não divulgou o número de casos registrados, mas emitiu um alerta.
Também conhecido como "prurido do traje de banho", o "piolho d'água" é uma dermatite que causa coceira intensa na pele. Ela é causada pelas larvas de água-viva (Linuche unguiculata). No entanto, de acordo com o infectologista Marcelo Neubauer, elas são quase invisíveis a olho nu quando estão na água.
"Ao ficar preso entre a roupa de banho e a pele o animal se "estressa" e solta uma toxina que é extremamente irritante e que pode levar a quadros de alergia local, com coceira e ardor", explica Neubauer.
A contaminação acontece apenas no mar, segundo o infectologista, sendo que o aquecimento da água tornam as águas-vivas mais ativas, ou seja, nesses casos há mais chances de se contaminar.
Como prevenir?
Neubauer trouxe três dicas para prevenir casos.
- Evite biquínis e roupas extras que possam prender as larvas que picam a pele;
- Quando sair da água, não se seque com a toalha, porque isso pode ativar os ferrões;
- Lave bem tanto o seu corpo e suas roupas de banho depois de ter passado um tempo na água.
Como é o diagnóstico e tratamento?
O diagnóstico é baseado no aspecto da pele e na história do paciente. Além disso, normalmente, as feridas aparecem em baixo das roupas de banho.
O tratamento é baseado em medicamentos orais ou locais para controle da coceira e da dor