Conselho de medicina dos EUA revoga licenças de médicos que defendiam ivermectina contra a Covid-19
Órgão é equivalente ao Conselho Federal de Medicina no Brasil, que já foi favorável ao uso da medicação para tratar a doença junto com "kit covid"
Wagner Lauria Jr.
O American Board of Internal Medicine (ABIM), dos EUA, revogou as licenças de dois médicos norte-americanos que lideram uma organização conhecida por promover o uso da ivermectina como opção de tratamento para a Covid-19.
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O órgão norte-americano é equivalente ao Conselho Federal de Medicina (CFM) no Brasil.
A ivermectina é um antiparasitário utilizado no tratamento de infecções causadas por parasitas, como piolhos, sarnas e lombrigas. Durante o início da pandemia, foi promovida como um “tratamento precoce” contra a Covid-19, inclusive no Brasil, onde integrou o chamado “kit Covid” ao lado de outras medicações sem eficácia comprovada contra a doença. Tratamento foi defendido pelo CFM.
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Em julho de 2020, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vetou o uso da ivermectina para o tratamento da Covid-19. Diversos estudos científicos demonstraram a ineficácia do medicamento contra o vírus, além de alertarem para os graves riscos colaterais do uso fora das indicações regulamentadas.
Quem são os médicos que tiveram as licenças revogadas?
Pierre Kory teve sua certificação em medicina de cuidados intensivos, doenças pulmonares e medicina interna revogada. Paul Ellis Marik também perdeu suas certificações em medicina de cuidados intensivos e medicina interna.
Kory e Marik ocupam posições de destaque na Front Line Covid-19 Critical Care Alliance, organização que fundaram em março de 2020 e que se tornou conhecida durante a pandemia por defender a ivermectina como tratamento para a Covid-19. Atualmente, o grupo promove suplementos alegando tratar "problemas causados por vacinas".
Em um comunicado enviado ao Medscape Medical News, os dois médicos classificaram a decisão como um ataque à "liberdade de expressão" e afirmaram que "representa uma mudança perigosa nos princípios fundamentais do discurso médico e do debate científico, que historicamente têm sido a base das associações de educação médica".