Automedicação é uma das principais responsáveis pelos altos índices de intoxicação
No mês em que se comemora o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, confira dicas para garantir a segurança do idoso no uso de medicamentos
Utilizar medicamentos requer cautela em todas as faixas etárias, porém, a atenção redobra quando se trata da população idosa. É que, segundo Fabiany Vieira, farmacêutica da MedSênior, esta parte da população pode necessitar frequentemente de múltiplos medicamentos para tratar diferentes questões de saúde.
Por isso, ainda segundo a especialista, no mês em que se comemora o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, é importante oferecer orientações aos idosos, seus familiares e cuidadores sobre como estabelecer uma relação segura com os remédios.
Essa data foi criada como um momento de reflexão, e, segundo o Ministério da Saúde, com o objetivo sensibilizar as pessoas sobre a relevância do uso responsável e adequado dos medicamentos.
A pasta enfatiza que essa data destaca não apenas os riscos do uso indiscriminado de remédios e da automedicação, mas também a ligação direta com altas taxas de intoxicação.
Um estudo conduzido em 2022 pelo ICTQ - Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade, constatou que 89% dos brasileiros fazem uso de medicamentos sem consulta médica.
Desde que a coleta de dados começou em 2014, o ICTQ observou consistentemente uma tendência preocupante: 76% da população admitia recorrer à automedicação sem restrições. Em 2016, esse número diminuiu para 72%; em 2018, aumentou para 79%, e em 2020, chegou a 81%.
Os analgésicos ocupam o topo da lista dos medicamentos mais utilizados sem prescrição: 64%, seguidos pelos antigripais, com 47%, e por fim, os relaxantes musculares, com 35%. Cerca de 6% da população também recorre à automedicação para sintomas como ansiedade, estresse e insônia.
Apesar de parecer uma solução rápida, a automedicação pode ter sérias consequências para a saúde, alertam os especialistas. O Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) registra mais de 30 mil internações por intoxicação medicamentosa no Brasil, resultando em aproximadamente 20 mil óbitos anuais.
Tamanha é a gravidade da automedicação que a Organização Mundial da Saúde (OMS) a considera um problema de saúde pública. Estima-se que metade dos pacientes no mundo faz uso inadequado de medicamentos sem prescrição médica.
Além disso, o uso indiscriminado de medicamentos pode piorar outras condições de saúde, como as doenças cardiovasculares. Algumas formulações podem desregular a pressão arterial, um fator de risco significativo para acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e infartos.
As doenças cardiovasculares são responsáveis por cerca de 400 mil mortes por ano no Brasil, tornando-se a principal causa de óbito fora do contexto da pandemia de covid-19 nos últimos dois anos.
Confira dicas para garantir a segurança do idoso no uso de medicamentos. Quem esclarece dúvidas e destaca possíveis riscos é Fabiany Vieira, farmacêutica da MedSênior.
O uso, o manuseio de medicamentos e a armazenagem
1. Se o idoso usa várias medicações simultaneamente, o cuidado deve ser redobrado. Identificar os remédios, não misturá-los para não haver confusão e ter atenção durante o processo – seja por parte do próprio idoso ou do acompanhante – são as recomendações.
2. Organize-se por meio de tabelas e mantenha os medicamentos na embalagem original, preservando dados como nome, lote e validade.
3. Escreva os horários nas caixas e separe as medicações conforme esses horários (em jejum, depois do café, no jantar, antes de dormir) são práticas que evitam erros.
4. O uso correto de medicamentos segue três pontos fundamentais: medicamento correto, na dose certa e no horário correto.
5. A interação entre medicamentos traz risco. Por isso, sempre informe ao médico sobre quais medicamentos já estão em uso. Tenha uma lista atualizada sempre à mão, inclusive em casos de internação hospitalar.
6. A automedicação, desaconselhada em qualquer idade, é ainda mais arriscada para idosos devido à quantidade de medicamentos utilizados e à maior sensibilidade do organismo que precisa ser consideradas com o envelhecimento.
7. A eficácia de um medicamento pode ser comprometida pela interação com outra medicação específica, prejudicando os resultados do tratamento. Siga sempre as orientações médicas e, em caso de dúvida, consulte um farmacêutico.
8. Apesar de comum, não é recomendado dividir, triturar ou dissolver medicamentos, pois isso pode comprometer o tratamento e representar risco à saúde, incluindo erros na dosagem e absorção pelo organismo.
9. Prefira água ao tomar a maioria dos medicamentos. Outras bebidas, como leite, suco e refrigerantes, podem interferir no efeito do medicamento e devem ser usadas apenas conforme orientação do médico e do farmacêutico.
10. Não vá pra casa com dúvidas depois de uma consulta médica.
11. Em caso de qualquer efeito indesejado ou reação aos medicamentos, não hesite em comunicar imediatamente ao médico. A vida e o bem-estar estão em jogo.
12. Luz, sol e calor podem alterar as propriedades dos medicamentos. Não exponha o medicamento à luz, temperaturas elevadas ou umidade.
13. Leia cuidadosamente as recomendações que constam na embalagem ou na bula, observando se é necessária alguma condição especial para o armazenamento (exemplo: guardar na geladeira).
14. Mantenha os medicamentos em suas embalagens originais, juntamente com a bula.
15. Certifique-se de que os frascos estejam devidamente fechados.
16. Evite deixar medicamentos no carro por longos períodos.
17. O ambiente fechado, combinado com sol e calor, pode alterar suas propriedades
18. Em viagens aéreas, transporte os medicamentos na bagagem de mão para evitar exposição a temperaturas extremas.
19. Não guarde seus medicamentos dentro do banheiro ou na cozinha.
20. Sempre verifique as datas de validade dos medicamentos.