Covid-19: estudo mostra ineficácia de jalecos geralmente usados por dentistas
Pesquisa da Universidade Federal Fluminense mostrou que o material TNT utilizado nos EPIs não serve como barreira para o vírus
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Um estudo feito pela Universidade Federal Fluminense atestou a ineficácia dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) feitos de TNT, geralmente usados por dentistas, contra o contágio do novo coronavírus.
A pesquisa foi liderada pela cirurgiã-dentista e professora titular de Periodontia da UFF, Eliane dos Santos Barboza, com a participação de outros dois professores e de três alunos de pós-graduação, e foi motivada pelo grande contato do profissional com seus pacientes. "De acordo com um gráfico publicado no The New York Times, os dentistas foram considerados os profissionais com maior risco de contaminação nessa pandemia, devido ao contato constante com aerossol e pela proximidade com o paciente durante o atendimento, que não pode usar máscara. Sempre soube desse risco, mas nunca havia percebido o quão grande era para nós, dentistas", disse a mestranda em Clínica Odontológica pela UFF, Caroline Montez dos Santos, participante da pesquisa.
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Além disso, para Eliane, a motivação também partiu de um estudo que constatou que o Brasil é o País com maior número de profissionais de saúde contaminados pela COVID-19 e onde, além disso, o uso de EPIs inadequados para o ambiente de trabalho passou a se tornar rotina. "Com limitações de seguir a distância mínima recomendada de um metro do paciente e com equipamentos que aerolisam a saliva e o sangue durante o atendimento clínico, principalmente pelo uso de canetas de alta rotação e aparelhos de ultrassom, melhores estratégias para evitar a exposição ao vírus da COVID-19 se fazem necessárias. Até porque os profissionais compram os jalecos descartáveis, um dos itens de EPI, sem saber se funcionam como barreiras para o aerossol, muitas vezes só embasados na gramatura do tecido não tecido, o chamado TNT, material utilizado para a sua confecção. E uma das formas de contágio é o aerossol", explica Eliane.
O procedimento estudou a capacidade protetora do TNT e verificou que todas as gramaturas desse material, sejam o de 40g/m2, o de 60g/m2 e o de 80g/m2, simples ou dobrados, não tem capacidade de barreira protetora para nem cinco minutos ininterruptos expostos a procedimentos com aerossóis advindos da caneta odontológica. "O uso de EPI de gramatura de 60g/m2 simples ou dobrado, ou 80g/m2 simples pode passar uma falsa sensação de proteção contra microrganismos e aerossóis. Se o uso de um EPI impermeável não for possível durante os procedimentos de geração de aerossóis, uma roupa de plástico associada a um EPI descartável deve ser usada, conforme recomendado pela Organização Mundial de Saúde", enfatiza.
O estudo, apesar de recente, já foi concluído e também submetido ao Frontier Dental Medicine, um jornal da área que irá possibilitar muitos acessos ao trabalho, por ser gratuito. O objetivo, segundo Eliane, é a divulgação dos resultados, principalmente em locais que profissionais ainda compram os jalecos descartáveis baseados na gramatura do material de EPI.