Bronquiolite: o que vai mudar na prevenção de VSR com nova vacina no SUS?
Rede pública de saúde também anunciou que irá incorporar novo anticorpo monoclonal; prazo para ficar disponível pode chegar a 9 meses
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Wagner Lauria Jr.
O SUS (Sistema Único de Saúde) vai incorporar uma vacina (a Abrysvo, da Pfizer) contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), além de um novo anticorpo monoclonal (o Beyfortus, da Sanofi).
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Os remédios atuam contra o vírus responsável por cerca de 80% dos casos de bronquiolite em bebês. A vacina e o anticorpo deverão ser aplicados em gestantes — durante as semanas 24 e 36 da gestação (segundo ou terceiro trimestre), bebês prematuros e crianças de até dois anos. No caso da vacina, será exclusivamente para as mulheres grávidas.
A estimativa é que uma em cada cinco crianças infectadas pelo VSR precise de atendimento ambulatorial e que uma em cada 50 seja hospitalizada ao longo do primeiro ano de vida.
Segundo o Ministério da Saúde, o prazo para que o anticorpo monoclonal e a vacina fiquem disponíveis para a população pode chegar a 180 dias, que podem ser prorrogados por mais 90 para ser concluído, seguindo a Lei nº 8.080/1990 e o Decreto nº 7.646/2011.
O que vai mudar na prevenção de VSR?
Para a prevenção do VSR, a rede pública de saúde oferece atualmente o palivizumabe, que também é um anticorpo monoclonal. No entanto, ele exige aplicação mensal durante toda a temporada de circulação do vírus.
O novo imunizante monoclona, o nirsevimabe, por sua vez, oferece proteção com uma única dose, que dura toda a temporada do vírus, simplificando o processo e aumentando a adesão.
Com a incorporação do nirsevimabe, a expectativa é ampliar a proteção para 300 mil crianças a mais do que o protocolo atual. Ele foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2023 e está disponível na rede privada de saúde.
Já no caso da vacina, segundo Andre Nathan, pneumologista do Hospital Sírio-Libanês, o imunizante irá gerar uma resposta mais prolongada contra o vírus e, além disso, imuniza a mãe da crianças e também funciona para idosos — apesar de não estar disponível no SUS inicialmente.
Atualmente, a Abrysvo está disponível apenas na rede privada, com preços que variam de R$ 1.650 a R$ 1.760. O imunizante foi aprovado em 2024 pela Anvisa.
"Quando a mãe recebe a vacina, os anticorpos produzidos por ela atravessam a placenta, fortalecendo o organismo do bebê, cujo sistema imunológico ainda está em desenvolvimento", ressalta Adriana Ribeiro, diretora médica da Pfizer Brasil, farmacêutica responsável pelo imunizante.
Estudos mostram que a vacina para gestantes pode prevenir aproximadamente 28 mil internações anuais. "A estratégia combinada irá proteger cerca de 2 milhões de bebês em seus primeiros meses de vida, idade mais vulnerável a complicações", diz o Ministério da Saúde.