Wajngarten é demitido do PL após críticas a Michelle Bolsonaro
Vazamento de mensagens entre ex-secretário de Bolsonaro e Mauro Cid revela preferência por Lula no lugar de Michelle

Ellen Travassos
Catielen de Oliveira
Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação do governo Jair Bolsonaro (PL), foi demitdo do Partido Liberal (PL) nesta terça-feira (20). Ele fazia parte da equipe de comunicação da legenda que atendia ao ex-presidente. A decisão ocorreu após a divulgação de mensagens trocadas entre ele e o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, em que ambos manifestam preferência por votar em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em vez de Michelle Bolsonaro (PL) em uma eventual disputa eleitoral.
As mensagens, vazadas no contexto das investigações sobre supostos atos golpistas pós-eleição de 2022, causaram desconforto entre aliados do ex-presidente, já que Wajngarten integrava o núcleo mais próximo de Bolsonaro.
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O advogado, que também atuou na defesa do ex-presidente em processos relacionados às acusações de tentativas de golpe, agora enfrenta repercussões políticas após a exposição dos diálogos.
Segundo informações obtidas pelo UOL, o telefone de Cid, que foi confiscado pela Polícia Federal em maio de 2023, guardava mais de 158 mil mensagens e cerca de 20 mil documentos. Nos registros, destacam-se comentários irônicos e críticas do militar dirigidas à ex-primeira-dama, além de detalhes sobre o contexto político após o governo Bolsonaro.
Em janeiro de 2023, Wajngarten encaminhou a Cid uma reportagem que mencionava a eventual candidatura de Michelle Bolsonaro à Presidência em 2026, caso o ex-presidente Jair Bolsonaro fosse considerado inelegível. Conforme o portal, o militar reagiu de maneira categórica: "Prefiro o Lula".
Pouco tempo depois, em um áudio, Cid foi ainda mais enfático: "Se dona Michelle resolver entrar na política para um cargo importante, ela vai ser arrasada. Ela tem muita coisa comprometedora… não exatamente suja, mas a personalidade dela. Vão usar tudo contra ela".
Ao ser questionado sobre essas mensagens, Wajngarten declarou que, naquele momento, "não se cogitava a ex-primeira-dama como candidata" e que "os diálogos eram apenas reflexões sobre notícias veiculadas na mídia".