Senadores da Argentina aumentam seus próprios salários da noite para o dia
Medida causou indignação em momento em que o país enfrenta uma grave crise econômica, com metade da população vivendo na pobreza
Marcelo Torres
Os senadores argentinos mais que dobraram os seus próprios salários da noite para o dia, de 1,7 milhão de pesos (R$ 10,3 mil) para 4,5 milhões (R$ 27,2 mil). A medida causou indignação em um momento em que o país enfrenta uma grave crise econômica, com metade da população vivendo na pobreza.
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A votação durou menos de um minuto e ocorreu no final da sessão. O presidente Javier Milei criticou a medida, e ressaltou que seu partido votou contra o aumento. A presidente do Senado, cargo ocupado pela vice-presidente na Argentina, permitiu a votação, sem espaço para debate ou argumentação contrária.
Enquanto o governo argentino celebra um início de ano com as contas públicas no azul, o custo desse aumento cai sobre os ombros daqueles que têm menos recursos. Escolas enfrentam falta de merenda, a economia enfrenta previsões de queda de 5%, o que resultará no fechamento de postos de trabalho e um aumento da miséria. Diversos institutos de pesquisa já indicam que metade da população argentina vive na pobreza.
O setor educacional também sofre impactos. Universidades, como a de Buenos Aires, recebem apenas 1/3 do financiamento que tinham em anos anteriores. Hospitais universitários lutam para atender casos urgentes, podendo até fechar suas portas por falta de recursos.
Diante desse cenário, os protestos ganham força. Alunos e professores das universidades saíram às ruas para exigir melhores condições e investimentos adequados na educação e na saúde. O presidente da Associação Médica, Luis Sarotto, alertou para a falta de recursos nos hospitais, mesmo diante do alto número de pacientes atendidos diariamente.
A decisão de Javier Milei de gastar 300 milhões de dólares na compra de 16 aviões militares usados da Dinamarca gerou controvérsias. Milei, que prometeu utilizar apenas voos comerciais durante sua campanha, voltou atrás por questões de segurança e passará a utilizar o jato presidencial, o que gerou críticas por parte daqueles que o acusam de adotar práticas semelhantes às que ele sempre condenou.