Presidente do PT diz que “não podemos tratar evangélicos como categoria religiosa, mas como povo”
Gleisi Hoffmann considera que o partido “falhou muito” no debate sobre influência do governo na vida das pessoas
Rodrigo Vasconcelos
A presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), afirmou que o governo Lula precisa “tratar evangélicos não como categoria religiosa, mas como povo” na execução de políticas sociais.
Gleisi falou em entrevista à jornalista do SBT Nathalia Fruet, no Perspectivas desta quarta-feira (24). O assunto foi abordado diante do apoio de líderes religiosos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Do ponto de vista político, não podemos tratar os evangélicos como uma categoria religiosa. Como não podemos tratar os católicos também. Não pode tratar pela crença. É povo que precisa da ajuda do governo, do Estado brasileiro. A grande maioria de evangélicos é composta por mulheres de baixa renda, que se viram para viver, sustentam a família, muitas vezes sozinhas, outras não. Mas essas mulheres precisam muito do apoio do Estado”, observou.
A parlamentar comentou ainda a percepção que esse público tem sobre o mandato atual do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e com relação aos dois anteriores, com relação à melhoria de renda, moradia e empreendedorismo.
Na visão de Gleisi, o partido “falhou muito” no debate para discutir o mérito das pessoas diante das oportunidades criadas pelos mandatos de Lula e Dilma Rousseff, e alerta para o que chama de “instrumentalização” da fé, e do perigo de se criar um “fundamentalismo” religioso no país.
“Esse debate, esse esclarecimento a gente não conseguiu fazer, e isso cobra um preço hoje. Mas junto com isso, teve muita mentira e muito ataque em cima do PT, em cima do presidente Lula e muito uso da fé. A fé foi instrumentalizada no país, o que é horrível. A fé servindo a um projeto político. Não pode! Deus não é cabo eleitoral. Todo mundo tem projeto político, e todos podem estar unidos na mesma fé. A sociedade brasileira tem o dever de fazer esse debate, sob pena de a gente entrar um fundamentalismo, que depois não vamos conseguir sair, e isso vai ser ruim para todo mundo”, afirmou.