No Vaticano, Lula critica prolongamento da guerra na Ucrânia: "Ninguém quer falar de paz"
Presidente participou de funeral do Papa Francisco e voltou a defender que países devem "sentar na mesa" de negociações para encontrar solução
Camila Stucaluc
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar o prolongamento da guerra na Ucrânia e disse esperar que os líderes globais consigam avançar nas negociações de paz. A declaração foi dada neste sábado (26), momentos após os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, se encontrarem no Vaticano. Os três líderes participaram do funeral do Papa Francisco.
"Eu não sei o que eles conversaram, eu não posso intuir a conversa. Eu acho que o que é importante é que se converse para encontrar uma saída para essa guerra, porque essa guerra está ficando sem explicação e ninguém quer falar em paz. O Brasil continua teimando que a solução é que os dois sentem na mesa de negociações e encontrem uma solução", disse Lula.
As negociações de paz foram descongeladas neste ano, após mediação do governo norte-americano. Apesar de Trump pressionar Rússia e Ucrânia para acordarem o fim do conflito, as delegações dos países seguem sofrendo para aceitar as exigências de cada parte.
Nesta semana, por exemplo, Zelensky disse que não reconheceria a ocupação russa na Crimeia – território ucraniano anexado por Moscou em 2014. A declaração irritou Trump, que classificou a fala como “inflamatória” e prejudicial às negociações de paz.
“Esta declaração é muito prejudicial para as negociações de paz com a Rússia, pois a Crimeia foi perdida anos atrás e nem é um ponto de discussão. Ninguém está pedindo a Zelensky que reconheça a Crimeia como território russo, mas, se ele quer a Crimeia, por que não lutaram por ela há 11 anos, quando foi entregue à Rússia sem que um tiro fosse disparado?”, disse.
Nesta manhã, contudo, Trump sentou frente a frente com Zelensky na Basílica de São Pedro, antes do funeral do Papa Francisco. Pelas redes sociais, o líder ucraniano descreveu a conversa como "muito simbólica, com potencial para se tornar histórica".
Lula também estava no Vaticano para o sepultamento do Papa Francisco, acompanhado da primeira-dama Janja da Silva. Após a cerimônia, o petista prestou uma homenagem ao legado do pontífice, e disse desejar que o próximo líder da Igreja Católica seja como ele.
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"Tenho um apreço muito grande pelo comportamento como homem, como religioso, ao papa Francisco. Foi uma dívida que nós pagamos a um homem que prestou serviços à humanidade. Quisera Deus que o próximo papa fosse igual a ele, com o mesmo coração dele, os mesmos compromissos religiosos dele, com os mesmos compromissos com o combate à desigualdade, que tem o papa Francisco", disse Lula.