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“Fé no Brasil": Em busca de melhoria na popularidade, governo acena para evangélicos e jovens

Nova campanha anunciada nesta semana tem objetivo de aproximar Lula do público evangélico e de reforçar relação com estudantes

“Fé no Brasil": Em busca de melhoria na popularidade, governo acena para evangélicos e jovens
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Na semana em que o governo lançou uma nova campanha com o slogan "Fé no Brasil", o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou em tom religioso durante evento em Pernambuco, nesta quinta-feira (4). O objetivo é se aproximar do eleitorado evangélico.

Logo no começo da fala, Lula perguntou aos presentes se eles acreditavam em Deus e classificou sua trajetória de vida até a presidência da República e a transposição do Rio São Francisco como “milagres” planejados pelo "divino". Segundo o presidente, “o homem lá de cima” o abençoou, para ajudar “outros nordestinos”.

“Se vocês não acreditassem, não tivessem fé, jamais teriam votado para presidente da República em um pernambucano que não tem diploma universitário, que só tem diploma primário. Vocês votarem em mim foi um ato de fé, um ato de coragem, um ato de acreditar que um milagre estava para acontecer nesse país”, disse Lula.

O discurso do presidente casou com o novo slogan “Fé no Brasil”. Mais que um aceno religioso, o governo afirma que o slogan tem também uma visão sobre o futuro do país, principalmente na entrega de obras e programas, para passar a mensagem que as promessas principais de Lula estão sendo cumpridas.

“O público evangélico foi majoritariamente apoiador e ainda é apoiador do ex-presidente Bolsonaro ou, pelo menos, das ideias que o bolsonarismo defende. Então, quando ele cria o slogan Fé no Brasil, na verdade, ele tenta se apropriar um pouco desse discurso e tentar aumentar a popularidade desse segmento”, disse o cientista político Valdir Pucci.

Outro ponto central da estratégia do governo é reforçar os laços com o público jovem, essencial para a vitória de Lula em 2022. O presidente venceu em oito das dez cidades mais jovens do país. Além da popularidade com estudantes do Ensino Médio e do Ensino Superior, o presidente enxerga que o público pode influenciar positivamente a avaliação do governo para outros grupos etários.

Durante o lançamento no Plano Juventude Negra Viva, realizado em Ceilândia, periferia do Distrito Federal, Lula pediu para os estudantes ficarem atentos aos projetos e entregas para explicar para os amigos e para pessoas da família e espalhar as boas ações do governo. Na ocasião, o presidente alfinetou a imprensa.

"Quando vocês forem encontrar com o namorado ou a namorada, falem: Hoje, eu fui ao plano Juventude Negra Viva. E expliquem ao parceiro o que é o programa, porque se depender da nossa gloriosa imprensa democrática, vocês não saberão do programa. Vai depender muito de vocês", acrescentou o presidente.

Lula reforçou um recado ao ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Paulo Pimenta, durante a reunião ministerial do dia 18 de março. Segundo o chefe do Executivo, Pimenta deve se comunicar mais diretamente com a população sobre as boas ações realizadas.

Após as últimas pesquisas, no começo de março, mostrarem uma queda na popularidade de Lula, foi convocada uma reunião ministerial para aparar arestas. O primeiro movimento foi conversar com os ministros Carlos Fávaro [Agricultura] e Paulo Teixeira [Desenvolvimento Agrário] para debater medidas para reduzir os valores nos supermercados. Conforme publicou o SBT News, a popularidade de Lula oscilou conforme o preço dos alimentos.

Lula também vem controlando a recorrente verborragia dos últimos meses. Desde o impacto negativo da comparação dos ataques de Israel à Palestina com o Holocausto, o único discurso mais polêmico foi quando chamou o adversário Jair Bolsonaro de “covardão”, na reunião ministerial ,por conta das articulações mal sucedidas de golpe de Estado.

Desde então, Lula evita polêmicas. Não discursou sobre a prisão dos mandantes do assassinato do caso Marielle Franco, dos presos em Mossoró e nem fez discurso sobre os 60 anos do golpe militar de 1964. Neste caso, o excesso de cuidado até desagradou o eleitorado mais próximo, mas Lula vem dando sinais de que o foco é atrair indecisos e reduzir a reprovação dos mais resistentes.

Alimentos, evangélicos e jovens

Segundo o cientista político Valdir Pucci, o governo atua em três frentes para recuperar a popularidade: reduzir preço dos alimentos, melhorar a relação com evangélicos e reforçar a relação com o público jovem.

No entanto, o especialista entende que apenas uma campanha e um slogan não devem ser suficientes para melhorar a relação com os evangélicos, pois para este público, discursos sobre Deus e um slogan com a palavra fé não devem reverter o cenário. Segundo Pucci, Lula precisa melhorar a economia para melhorar sua aprovação com evangélicos.

“Eu entendo que se ele conseguir manter a inflação controlada e fazer a economia crescer, ele pode consolidar sua provação junto ao eleitorado mais jovem, mas pode também melhorar a sua popularidade em relação aos evangélicos. Muito mais do que um discurso falando de Deus ou um slogan que tem a palavra fé na sua expressão. Eu acredito que a economia ainda pode ser aquilo que pode reverter essa tendência de baixa de popularidade do presidente das últimas pesquisas”, concluiu o especialista.

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