Dallagnol é cobrado por TCU e diz que vai à Justiça: R$ 2,8 mi
Ex-coordenador da Lava Jato e pré-candidato a deputado é alvo de processo por gastos de viagens e diárias da força-tarefa
Ricardo Brandt
O ex-coordenador da Lava Jato em Curitiba Deltan Dallagnol foi notificado nesta 3ª-feira (24.mai) pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a pagar R$ 2,8 milhões, como reembolso por gastos em diárias e viagens da dos procuradores da força-tarefa durante as investigações.
"Eu não vou pagar isso, vou a Justiça" afirmou Dallagnol, em um vídeo em rede social. "É o preço de combater a corrupção no Brasil."
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
O TCU abriu em abril um processo de Tomada de Contas Especial por suposto recebimento indevido de diárias de viagem e passagens, entre 2014 e 2020, por Dallagnol, pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, e outros oito membros da Lava Jato.
Dallagnol afirma que foi notificado na tarde desta 3ª, pelos seus advogados. "A gente vai recorrer disso, vai levar para a primeira instância, que é uma instância técnica do Judiciário."
O ex-coordenador da Lava Jato sustenta que não foi "administrador do Ministério Público". "Não mandei pagar diária, não recebi essas diárias, não autorizei, e ele deu um jeito de me incluir", afirmou o ex-procurador, em referência ao relator no processo no TCU, ministro Bruno Dantas.
Leia mais:
+ "Se tornou perigoso combater a corrupção no Brasil", diz Deltan Dallagnol
+ TCU abre processo contra procuradores da Lava Jato por gastos de viagens
O órgão técnico do TCU apontou no processo não haver indício de irregularidade ou dano ao erário e concluiu pela improcedência da representação. O relator determinou a abertura da tomada de contas para responsabilizar dez procuradores e atacou "desvios".
Em seu voto, seguido pelos demais ministros da 2ª Câmara do TCU, Dantas sustenta que "os indícios são contundentes e suficientes para caracterizar, ao menos, três irregularidades" listadas no documento.
"Falta de fundamentação adequada para a escolha" do modelo de pagamentos, "violação ao princípio da economicidade, porquanto o modelo escolhido mostrou-se mais dispendioso aos cofres públicos" e "ofensas ao princípio da impessoalidade".
Para Dantas, ficou "configurado dano ao erário decorrente de ato de gestão ilegítimo e antieconômico" do ex-PGR e dos membros da Lava Jato.
O processo está em fase de defesa no TCU. Os demais alvos também foram notificados. "Dois milhões e oitocentos mil reais, esse é o preço de quem quer combater a corrupção no Brasil. O sistema reage, o sistema contra ataca, o sistema quer parar você. Mas se vocês querem me parar, eu não ou ser parado, vou seguir em frente." Dallagnol não é mais membro do MPF e será candidato a deputado federal pelo Podemos, em Curitiba.