Vereador e traficante preso são investigados pelo Gaeco por assassinato de cabo eleitoral no RJ
Policiais fazem apreensões na Câmara de Campos dos Goytacazes e em presídio; Operação Pleito Mortal do MP busca provas de crime político, cometido em julho
Ricardo Brandt
Policiais fazem buscas e apreensões na Câmara Municipal de Campos de Goytacazes (RJ), no comitê político de um candidato a vereador da cidade e no presídio Bangu 4, na capital fluminense, nesta quarta-feira (18), em buscas de provas sobre o assassinato do cabo eleitoral Aparecido Oliveira de Morais, em julho.
A Operação Pleito Mortal, do Gaeco (Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público do Rio, investiga seis pessoas pelo envolvimento no crime, entre elas, o vereador e candidato à reeleição Bruno Pezão e um traficante preso ligado a uma facção .
O crime foi político, segundo os promotores do Gaeco. Morais foi executado com dez tiros, dentro do carro, em 19 de julho de 2024.
"A vítima trabalhava como cabo eleitoral de um candidato que não tem o apoio da facção criminosa em atuação na localidade", informou o MP do Rio, em nota.
Comício no presídio
Conhecido como Aparício, a vítima era uma liderança de duas comunidades na região de Campo Novo e teria declarado apoio a um candidato rival de Bruno Pezão.
Uma das provas usadas pelo Gaeco é o registro de um vídeo de um comício de Pezão, um dia antes do crime, em que o traficante condenado José Ricardo Rangel de Oliveira, preso em Bangu 4, na capital, participou por celular em apoio ao parlamentar.
O criminoso tem o controle de áreas do tráfico na mesma região de influência política da vítima, segundo os investigadores,
"O candidato a vereador realiza um comício eleitoral, com a participação do líder do tráfico de drogas local através de videochamada originada do interior de uma prisão, com projeção de sua imagem em um telão para toda a comunidade", informou o MP do Rio na Operação Pleito Mortal.
Policiais cumprem nove mandados de busca e apreensão. Além do gabinete na Câmara e do comitê eleitoral de Pezão, e a cela de Ricardinho em Bangu 4, foram visitados endereços de três assessores do parlamentar. As ordens são da 1ª Vara Criminal de Campos dos Goytacazes.
Na casa do vereador a polícia apreendeu R$ 400 mil em dinheiro vivo, uma pistola e diversos telefones celulares.
A reportagem busca contato com a defesa dos investigados.