Torcedores com pendências judiciais serão reconhecidos e barrados em estádios do país
Sistema que integra bancos de dados e reconhecimento facial vai barrar torcedores proibidos e localizar procurados pela Justiça em todo território nacional

Simone Queiroz
Foi dado o pontapé inicial para que futebol e violência não façam mais tabela. Os nomes de torcedores banidos dos estádios brasileiros estão sendo inseridos em um banco de dados unificado. Assim, quem foi proibido de assistir a partidas na Bahia, por exemplo, será barrado na catraca em qualquer parte do Brasil.
A iniciativa é do Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões (BNMP), do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Segundo Antonio Alberto Faiçal Júnior, colaborador do monitoramento do sistema carcerário do CNJ, o processo ainda exige atualização.
" Agora temos um tempo de alimentação do sistema, porque já existem pessoas proibidas de entrar nos estádios, mas os dados delas precisam ser inseridos no BNMP. O que importa agora é saber quantas e quem são essas pessoas e depois darmos o segundo passo no controle de catracas", afirmou.
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A experiência nos jogos do Palmeiras, no Allianz Parque, em São Paulo, tem servido de exemplo para o CNJ. Antes mesmo de chegar ao estádio, outra barreira já é imposta: para comprar o ingresso, é necessário informar CPF, RG e enviar uma foto.
"Na medida em que o torcedor é banido pela CBF ou pela Federação Paulista de Futebol, nós recebemos um ofício. Como já identificamos aquele CPF, ele nem consegue entrar no site de compras, porque já está bloqueado", explica Oswaldo Basile, auditor interno do Palmeiras.
As restrições nos estádios também têm, como feito colateral positivo, permitir a identificação e prisão de pessoas procuradas por diversos crimes. Em São Paulo, 222 criminosos foram detidos ao tentar passar pela catraca.
O sistema do Palmeiras, e agora também o do Corinthians, está integrado ao programa Muralha Paulista, da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Nos últimos dois jogos na Neo Química Arena, oito procurados foram presos. Em cinquenta partidas, criminosos como traficantes, pedófilos, acusados de roubo, furto e até devedores de pensão alimentícia foram capturados.
Até o final do ano, o banco com os nomes de todos os torcedores banidos do país deve ampliar a segurança nos estádios.
"Agora, além dos procurados, com essa ferramenta do CNJ vamos poder identificar medidas restritivas de difícil fiscalização e aumentar ainda mais a segurança dos torcedores, garantindo a entrada de quem vai para torcer e não para causar confusão", afirma o tenente-coronel Rodrigo Vilardi, coordenador do Centro Integrado de Operações da SSP-SP.
Casos de violência mostram a importância do sistema. Em 2023, antes do jogo entre Palmeiras e Flamengo, a torcedora Gabriela Anelli foi atingida no pescoço por um estilhaço de garrafa arremessada pelo flamenguista Jonathan Messias Santos da Silva. Gabriela morreu dias depois.
Com a análise das imagens do crime e os dados fornecidos para a compra do ingresso, a polícia conseguiu identificar e localizar o acusado com facilidade.