Racismo em vitrine de loja: denúncia chega à Assembleia do RJ
Professor denunciou montagem de bonecas em loja de brinquedos; parlamentares prometeram acionar o Ministério Público
Uma montagem de bonecas na vitrine de uma loja de um shopping no Rio de Janeiro foi denunciada por um professor e gerou revolta nas redes sociais. Enquanto duas bonecas brancas estão posicionadas uma ao lado da outra, uma boneca de uma bebê negra foi colocada ao lado de um boneco de macaco.
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O caso gerou revolta nas redes sociais, já que pareou a bebê negra com um animal, enquanto as bonecas brancas estão lado a lado. Pessoas brancas, porém, minimizaram a situação nas redes sociais, ignorando o impacto que a imagem criminosa e racista tem para crianças negras.
A Polícia Civil investiga a denúncia do professor Moisés Machado, que viu a montagem da vitrine e divulgou o caso nas redes sociais. Ele estava no Botafogo Praia Shopping, zona sul do Rio, quando observou a cena na loja Gamelândia.
“Esse caso demonstra que o letramento racial é urgente em todas as instituições do país. Em uma sociedade onde há o racismo estrutural, as instituições que não adotarem medidas antirracistas efetivas, correm um sério risco de cometerem nos seus atos cotidianos”, explicou o professor.
O caso chegou à Assembleia Legislativa e os parlamentares prometeram acionar o Ministério Público. A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância abriu inquérito para investigar o caso.
Shopping e loja se pronunciam
Com a repercussão do caso, o shopping enviou uma resposta a Moisés, afirmando que o lojista responsável pela vitrine foi acionado e que o brinquedo foi retirado. O centro de compras ainda disse que “não temos gerência sobre as vitrines das lojas”.
Em nota publicada nas redes sociais, a Gamelândia diz que "repudia atos racistas, homofóbicos ou de qualquer natureza preconceituosa e discriminatória" e que "em 25 anos de empresa, sempre colocamos o bem estar dos nossos colaboradores e clientes em primeiro lugar". A loja acrescentou que "em momento algum houve a intenção de promover qualquer tipo de ato racista" e que oferece "produtos artesanais de alta qualidade, como bebês rebonizados e animais rebonizados".
Em nenhum momento, porém, há um pedido de desculpas pela situação. "Por fim, temos compromisso com a promoção da igualdade e repudiamos qualquer interpretação que vá contra nossos valores. Estamos à disposição das autoridades e da imprensa para todo e qualquer esclarecimento", finalizou a nota.