Polícia Federal prende 29 suspeitos de quadrilha de roubo de cargas em operação em cinco estados
Ação desarticulou esquema de roubo e venda de peças de caminhões, com envolvimento de grandes empresas do setor
Robinson Cerantula
Fabio Diamante
Uma operação da Polícia Federal e do Ministério Público de São Paulo prendeu 29 pessoas suspeitas de integrar uma quadrilha especializada no roubo de cargas, de caminhões e na receptação de peças roubadas. O grupo atuava em cinco estados.
De acordo com a investigação, integrantes da organização criminosa se infiltraram em grandes empresas de peças automotivas e até em companhias de rastreamento de veículos.
Ao todo, policiais federais cumpriram 35 mandados de prisão e 49 de busca e apreensão. A quadrilha desmantelada mantinha toda a cadeia criminosa do roubo de caminhões, desde os assaltos até a venda das peças por meio de empresas no mercado nacional. O objetivo do grupo era roubar ao menos dois caminhões por semana, o que poderia render mais de R$ 1 milhão por mês.
Em uma empresa de grande porte localizada em Contagem, Minas Gerais, os agentes federais encontraram cabines de caminhões roubados sendo remontadas.
Segundo a Polícia Federal, empresas tradicionais do setor compravam conscientemente peças e chassis de veículos roubados, principalmente cabines.
A operação foi realizada nos estados de São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina, Mato Grosso e Minas Gerais.
De acordo com os investigadores, um caminhão avaliado entre R$ 700 mil e R$ 1,5 milhão era negociado por cerca de R$ 120 mil. O chassi poderia ser vendido por R$ 120 mil e a cabine por valores que variavam de R$ 60 mil a R$ 120 mil, além de outros componentes.
Quando os veículos não tinham destino certo dentro da quadrilha, os criminosos gravavam vídeos e ofereciam os caminhões a receptadores interessados.
Batizada de Operação Vareio, a ação comprovou a suspeita da Polícia Federal sobre o envolvimento de grandes empresas na cadeia criminosa, incluindo companhias responsáveis pelo rastreamento de caminhões via satélite. Os investigados tinham acesso a informações privilegiadas que indicavam se o veículo era rastreado. Caso fosse identificado o rastreamento, o caminhão era abandonado.
Delegados afirmaram que a investigação encontrou não apenas o uso de tecnologia para facilitar os crimes, mas também a venda de sistemas que deveriam proteger os caminhões e suas cargas.
Imagens obtidas pelos policiais mostram receptadores filmando o corte de caminhões. Em uma delas, um dos criminosos encontra um segundo rastreador instalado no veículo.
A operação desta terça-feira foi um desdobramento de uma investigação iniciada em maio de 2024. Coincidentemente, as duas ações resultaram na prisão de pai e filho, suspeitos de participação no esquema.