Polícia Civil faz operação contra grupo que aplicava golpe do falso advogado em SP
Quadrilha se passava por advogados, rastreava processos online e extorquia vítimas prometendo agilizar ações judiciais
Bianka Santos
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul cumpriu quatro mandados de prisão preventiva e 17 de busca e apreensão em São Paulo nesta terça-feira (15), na segunda fase da operação Falso Patrono. A força-tarefa visa desarticular grupo criminoso especializado em estelionatos, falsificação de documentos e falsa identidade para prática de fraude conhecida como golpe do falso advogado.
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Até o momento, duas pessoas foram presas, incluindo um dos líderes do grupo criminoso, e agentes apreenderam um veículo. Na primeira fase da operação, realizada em junho, foram cumpridos sete mandados de prisão preventiva e dezoito de busca e apreensão nos estados de Ceará, Minas Gerais e Santa Catarina.
A operação foi conduzida pela Delegacia de Repressão aos Crimes Patrimoniais Eletrônicos (DRCPE/DERCC) da Polícia Civil do RS, com apoio de policiais civis do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC/PCSP) de São Paulo.
Como golpe funcionava
Os golpistas monitoravam sistemas de tribunais para identificar processos judiciais públicos, principalmente aqueles envolvendo pagamentos de precatórios, requisições ou indenizações. Por meio desses dados, entravam em contato com as vítimas, geralmente via WhatsApp ou ligação telefônica, utilizando um número desconhecido, e se apresentavam como advogado, representante de escritório ou funcionário de tribunal.
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O suspeito informava que, para a liberação do dinheiro, a vítima precisaria pagar "custas processuais", "impostos" ou "taxas cartorárias" de forma antecipada. O pagamento era solicitado via Pix para contas de laranjas.
Para aumentar o alcance do golpe, os criminosos contavam com uma cartilha que servia de manual para treinar comparsas e ensiná-los a praticar o crime.
Investigação
As diligências começaram em 2024, após advogados gaúchos terem seus dados e de seus escritórios utilizados por golpistas. Ao longo das apurações, investigadores identificaram responsáveis pelos crimes. Foram utilizadas ferramentas tecnológicas de investigação que permitiram a identificação de 11 suspeitos e suas funções.
O grupo tinha como um dos integrantes um homem de 24 anos, natural de Guarulhos (SP), responsável por abordar diretamente algumas das vítimas, criar meios logísticos para a prática do golpe e manter contato com pessoas de interesse do grupo, como advogados que fariam a defesa em caso de prisão.
O suspeito também utilizou contas de familiares para receber valores oriundos do golpe e já tinha antecedentes criminais por estelionato, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Além de se passarem por advogados, os integrantes do grupo se dividiam em funções de tecnologia, logística, finanças, entre outras.