Osho Rachana: Polícia conclui inquérito e indicia guru e filhos por 12 crimes
Fundador Adir Aliatti é acusado de manipular seguidores e causar prejuízo de mais de R$ 20 milhões; comunidade ficava em Viamão (RS)
Marcelo Chemale
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul concluiu o inquérito que investigou o guru espiritual Adir Aliatti, de 70 anos, fundador da comunidade Osho Rachana, localizada em Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Ele e os dois filhos foram indiciados por 12 crimes, após mais de um ano de apuração.
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De acordo com a investigação, Adir usava a imagem de líder espiritual para controlar e explorar seguidores que viviam na comunidade. O espaço, que funcionava como um retiro, oferecia terapias bioenergéticas, meditações e práticas de sexo livre, mas, segundo a polícia, o local era, na verdade, parte de um esquema de manipulação, tortura e desvio de dinheiro.
40 vítimas e rombo de R$ 20 milhões
O inquérito identificou mais de 40 vítimas e um rombo financeiro superior a R$ 20 milhões. As apurações mostram que os integrantes eram induzidos a fazer empréstimos e entregar todo o dinheiro ao grupo, sob a justificativa de que os valores seriam usados para manter a comunidade. No entanto, os recursos eram utilizados para viagens de luxo, apostas online e despesas pessoais do guru e dos filhos.
Além dos crimes financeiros, o grupo também é investigado por tortura física e psicológica, curas forçadas de homossexuais, e discriminação racial e de gênero. Depoimentos de ex-integrantes relatam humilhações, agressões e castigos durante sessões de terapia, supostamente realizadas para promover o que o grupo chamava de “limpeza espiritual”.
Guru e filhos respondem em liberdade
O inquérito resultou no indiciamento de Adir Aliatti e dos filhos, André e Amanda, pelos crimes de tortura, associação criminosa, estelionato, charlatanismo, curandeirismo e violência sexual mediante fraude, entre outros.
Os três respondem em liberdade, monitorados por tornozeleira eletrônica e proibidos de ter contato com as vítimas. O caso foi encaminhado ao Ministério Público, que agora avalia se vai oferecer denúncia à Justiça.