Feijoada envenenada: filha pagou 'serial killer' para matar pai no Rio; veja o que se sabe
Neil Corrêa da Silva, de 65 anos, foi morto em abril de 2025. O corpo do idoso foi exumado nesta quinta-feira (9)
Emanuelle Menezes
André Azeredo
O corpo de Neil Corrêa da Silva, idoso que teria sido morto ao comer uma feijoada envenenada, foi exumado nesta quinta-feira (9), no Rio de Janeiro. A filha da vítima, Michele Paiva da Silva, foi presa esta semana. A polícia acredita que ela contratou uma serial killer (assassina em série) para ajudá-la com o envenenamento.
O objetivo da exumação é confirmar a presença de veneno no organismo de Neil e comprovar a real causa da morte. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML) de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e o laudo da perícia deve sair em até 15 dias.
Morte após feijoada
A morte do idoso, ocorrida em abril deste ano, foi inicialmente tratada como natural. O atestado de óbito apontava insuficiência respiratória aguda, complicações do diabetes e crise convulsiva como causas do óbito.
No entanto, novas investigações levantaram indícios de que Neil teria sido envenenado durante uma feijoada servida em sua casa, na Baixada Fluminense. No dia da morte, estavam com ele a filha, Michele Paiva da Silva, e a amiga dela, Ana Paula Veloso Fernandes – apontada como uma serial killer que cometeu pelo menos outros três homicídios em São Paulo.
Segundo a polícia, Ana Paula adicionou veneno ao alimento a pedido de Michele, que teria pagado R$ 1,4 mil para que o crime fosse cometido. A motivação seria financeira. Após o almoço, o idoso passou mal e morreu.
Como a polícia chegou até as suspeitas
A suspeita de homicídio surgiu após uma denúncia anônima feita à Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense. Uma testemunha relatou o desaparecimento de R$ 4 mil de Neil e levantou a hipótese de assassinato.
Enquanto o caso era apurado no Rio, policiais de São Paulo identificaram semelhanças entre a morte do idoso e outros três homicídios cometidos por Ana Paula Veloso Fernandes em Guarulhos, cidade da Região Metropolitana.
Mensagens trocadas entre Ana Paula e sua irmã gêmea, Roberta, ajudaram a polícia a comprovar o envolvimento dela. Nos diálogos, as duas comentavam o planejamento e a execução da morte de Neil, usando códigos para se referir ao crime.
Ana Paula acabou confessando que colocou chumbinho na feijoada servida à vítima no Rio de Janeiro.
Dupla se conheceu na faculdade
Michele e Ana Paula se conheceram na faculdade. As duas se tornaram amigas e mantiveram contato mesmo após Ana Paula se mudar para São Paulo, em janeiro de 2025.
Quando Michele decidiu matar o próprio pai, procurou a amiga, sabendo que ela já havia cometido outros crimes. A negociação do assassinato foi feita por mensagens trocadas entre as duas, nas quais combinavam pagamento e detalhes da execução.
Mortes anteriores
De acordo com o Ministério Público de São Paulo, Ana Paula é acusada de quatro assassinatos cometidos por envenenamento em apenas seis meses. Nenhuma das vítimas apresentava sinais externos de violência, o que dificultou a identificação dos crimes.
Veja outros assassinatos atribuídos à serial killer:
- Marcelo Hari Fonseca – janeiro de 2025: A primeira vítima de Ana Paula foi o dono do imóvel onde ela morava nos fundos. A mulher chamou a polícia dizendo sentir "um cheiro forte" e alegou que o vizinho estava desaparecido. Quando os agentes chegaram, encontraram o corpo de Marcelo já em estado de putrefação no sofá da sala. Após o crime, Ana Paula se apossou da casa, trancou o portão e impediu a entrada da família do homem. Meses depois, ela confessou o assassinato, dizendo ter usado veneno em um bolinho.
- Maria Aparecida Rodrigues – abril de 2025: Quinze dias depois da morte de Neil, no Rio, Ana Paula matou Maria Aparecida, com quem mantinha um relacionamento amoroso iniciado em um aplicativo de namoro. A polícia acredita que o crime teve motivação passional.
- Hayder – maio de 2025: a quarta vítima de Ana Paula foi um tunisiano, morador do Brás, também conhecido por aplicativo de namoro. Segundo o Ministério Público, a serial killer envenenou o estrangeiro por prazer em matar e pela sensação de controle sobre as vítimas.
As investigações apontam que Ana Paula agiu sempre sozinha e demonstrava padrões de manipulação e frieza, comuns a assassinos em série.
Quem já foi preso até o momento
Até agora, duas pessoas foram presas:
- Michele Paiva da Silva, filha de Neil Corrêa da Silva, foi detida na zona norte do Rio de Janeiro quando chegava à faculdade. A mulher, de 43 anos, é suspeita de ter encomendado a morte do pai.
- Ana Paula Veloso Fernandes, de 36 anos, está presa preventivamente na Penitenciária Feminina de Santana, em São Paulo.
Michele deve ser transferida para São Paulo, onde os crimes de Ana Paula são apurados de forma unificada.