Mulheres são presas em Curitiba por obrigar irmãs adolescentes a gravar vídeos íntimos
Madrasta das vítimas está entre as detidas; pai das meninas é investigado e está foragido
Pollyanna Gomes
Duas mulheres foram presas em Curitiba por participarem de um esquema que obrigava duas irmãs adolescentes a gravarem vídeos íntimos. Uma das detidas é madrasta das meninas. O pai delas também é investigado e está foragido.
Em uma das mensagens, uma pessoa que se apresentava como “Oraculum” escreveu: “não adianta pedir clemência” e avisou que em meia hora os conteúdos seriam liberados. A mensagem teria sido enviada a mando do chefe do esquema, chamado de “Mestre”, que também gravava áudios com ameaças às adolescentes.
As irmãs, de 16 e 13 anos, relataram que o contato com o grupo começou pela internet, quando foram inseridas em uma organização que chamavam de “ordem” ou “célula”.
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Segundo a investigação, as adolescentes eram constantemente ameaçadas e insultadas com palavrões, sendo obrigadas a produzir vídeos de conteúdo pornográfico.
De acordo com os depoimentos, os vídeos tinham conteúdo sexual explícito e eram gravados sempre no quarto das meninas, quando a mãe não estava em casa. Os agenciadores chegavam a exigir até 50 arquivos por dia, em horários diferentes, inclusive durante a madrugada. Quando as adolescentes deixaram de enviar os materiais, as ameaças se tornaram ainda mais graves.
A mãe das meninas, que trabalha como operadora de caixa em uma loja, só descobriu o que estava acontecendo quando um dos vídeos foi enviado para sua patroa. Na mensagem, a mãe chegou a ser acusada de prostituir as próprias filhas em troca de dinheiro.
As investigações também apontam que, além das gravações entre irmãs, as adolescentes chegaram a ser abusadas por outros homens. Os vídeos eram enviados para a célula criminosa. Durante um ano, mais de 800 arquivos foram produzidos.
Entre os suspeitos que mantinham contato e cobravam os materiais estavam uma mulher que se identificava como “Kia”, um homem chamado “Oraculum” e o “Mestre Venerável” ou “Ancião”. Todos seriam pessoas próximas às vítimas, incluindo o pai de uma delas.
A suspeita da Polícia Civil é de que os envolvidos façam parte de uma rede de pornografia infantojuvenil. O caso foi registrado na delegacia de Rio Branco do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba. A mãe das adolescentes ainda prestará depoimento.
Por envolver menores de idade, a investigação segue em sigilo.