Ministério Público Federal pede extradição de Miguel Gutierrez, ex-CEO das Americanas
O ex-presidente-executivo chegou a ser preso na Espanha, onde tem cidadania, por um dia; Brasil pode pedir ao país europeu que ele seja julgado lá
Carlos Catelan
O Ministério Público Federal (MPF) pediu à 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro a extradição de Miguel Gutierrez, ex-CEO das Lojas Americanas, que está na Espanha. O MPF alega que, caso a extradição seja negada, haverá "a possibilidade de processamento do requerido" no país europeu.
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Gutierrez foi preso pela autoridades espanholas em 28 de junho, depois de ter mandado de prisão expedido pela Justiça brasileira no âmbito da operação Disclosure, que investiga fraude de R$ 25,3 bilhões, a maior do mercado financeiro brasileiro, no balanço patrimonial da rede varejista. Foi solto um dia depois.
A Espanha não é obrigada a enviá-lo ao Brasil, uma vez que o ex-presidente-executivo da Americanas tem dupla cidadania. O país europeu também não possui o costume de atender pedidos de extradição. Por isso, o Brasil deve pedir que o julgamento de Gutierrez ocorra na Espanha.
Em junho, a defesa de Gutierrez afirmou que ele "compareceu espontaneamente ante as autoridades policiais e jurisdicionais com o fim de prestar os esclarecimentos solicitados". O comunicado também informou que as alegações que recaem sobre ele são fruto de "delações mentirosas".
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Confira na íntegra nota da defesa de Miguel Gutierrez sobre a soltura do ex-CEO, em junho:
"A defesa de Miguel Gutierrez informa que o executivo se encontra em sua residência em Madri, na Espanha, no mesmo endereço comunicado desde 2023 às autoridades espanholas e brasileiras, onde sempre esteve à disposição dos diversos órgãos interessados nas investigações em curso. Na data de ontem (28/06), o executivo compareceu espontaneamente ante as autoridades policiais e jurisdicionais com o fim de prestar os esclarecimentos solicitados. Diante do acesso aos autos, Miguel agora poderá exercer sua defesa frente às alegações originadas por delações mentirosas em relação a ele. A defesa reitera ainda que Miguel jamais participou ou teve conhecimento de qualquer fraude e que vem colaborando com as autoridades, prestando os esclarecimentos devidos nos foros próprios, manifestando uma vez mais sua absoluta confiança nas autoridades brasileiras e internacionais."
Operação da PF contra ex-executivos das Americanas
No dia 27 de junho, a Polícia Federal tentou cumprir dois mandados de prisão preventiva e 15 de busca e apreensão em casas de 15 ex-executivos da rede varejista no Rio de Janeiro. Alvos de pedidos de prisão, o empresário e a ex-diretora Anna Christina Ramos Saicali não foram localizados naquele dia e, por isso, considerados foragidos.
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A Justiça Federal ainda determinou sequestro de bens e valores no valor de R$ 500 milhões. Em outras ocasiões, os suspeitos negaram irregularidades.
Segundo a PF, ex-diretores realizaram fraudes contábeis relacionadas a operações de risco sacado, "que consiste numa operação na qual a varejista consegue antecipar o pagamento a fornecedores por meio de empréstimo junto aos bancos". As investigações recebem colaboração da atual diretoria das Americanas.