Publicidade
Polícia

Jovem baleado e preso por PMs em SP é libertado após reviravolta no caso

Justiça concedeu liberdade a Lucas Alexandro da Silva Santana depois de depoimentos que mostraram contradições em relação à versão policial

Imagem da noticia Jovem baleado e preso por PMs em SP é libertado após reviravolta no caso
Família de jovem baleado diz que ele foi vítima de abuso policial | Reprodução
• Atualizado em
Publicidade

O SBT Brasil acompanhou o caso de Lucas Alexandro da Silva Santana, jovem de 22 anos que foi baleado e preso por policiais militares na zona sul de São Paulo. Os agentes alegaram que ele estava armado e teria desobedecido uma ordem, mas novos depoimentos mudaram o rumo da investigação.

Após passar seis dias no Centro de Detenção Provisória da Zona Leste, Lucas foi solto nesta segunda-feira (5), após a Justiça conceder o alvará de soltura. O reencontro com a família foi marcado por emoção. "Eu estava muito agoniado para ver minha mãe e meus familiares. Eu não fico um dia sem vê-los", disse Lucas.

+ Três policiais viram réus por mortes na Baixada Santista durante Operação Verão

A versão apresentada pelos policiais apontava que Lucas, enquanto trafegava em alta velocidade, teria feito menção de avançar um sinal vermelho e, ao perceber a aproximação da viatura, teria colocado a mão dentro da bolsa, simulando sacar uma arma. Segundo o sargento Rodrigo Bosco do Nascimento da Silva, foi nesse momento que ele atirou, acreditando que o jovem estivesse armado.

Entretanto, Lucas nega ter retirado a mão do guidão da moto e afirma que o policial disparou sem motivo. "Do jeito que eu parei no sinal, eu recebi o tiro. Ele ficou olhando para a arma, desacreditado, e disse: 'Nossa, foi sem querer, me desculpa'. Depois me deitou no chão e rasgou minha blusa para fazer os primeiros socorros. Então, se eu tivesse armado ele iria ver", relatou.

Testemunhas ouvidas pela reportagem reforçaram a inconsistência da versão dos policiais. "Não vi perseguição nem giroflex ligado. Parece que ele desceu despreparado e atirou sem querer", disse uma delas. Outra testemunha afirmou ter visto o policial atirando de dentro da viatura.

+ Operação mira traficantes do PCC que importavam armas da Turquia

As provas também corroboram a inocência de Lucas. O relógio de ponto da empresa onde ele trabalhava mostra que ele saiu do expediente pouco antes do ocorrido. Além disso, documentos da empresa confirmam que ele estava no emprego desde abril do ano passado. Lucas foi atingido nas costas, e a bala ficou alojada a apenas dois milímetros da coluna. Ele precisará passar por cirurgia.

Reviravolta

O caso mudou de direção depois que a Polícia Civil ouviu as testemunhas que contradisseram a versão dos PMs. Agora, a defesa do jovem busca provar sua inocência e responsabilizar os envolvidos. "Nosso próximo passo é instaurar um inquérito na Corregedoria da Polícia Militar", afirmou Márcio Pereira dos Santos, advogado de Lucas.

Mesmo em liberdade, o jovem relata que o trauma ainda é grande. "Antes, eu era um Lucas feliz, sorridente e acreditava na justiça. Agora, tenho medo de qualquer policial que passe por mim", desabafou.

O Tribunal de Justiça de São Paulo informou que, após novos depoimentos, a prisão foi revogada. O caso segue sob investigação do Ministério Público e da Corregedoria da PM. Se for constatada irregularidade, os responsáveis serão punidos, segundo a Secretaria de Segurança Pública. Enquanto isso, o policial envolvido continua atuando nas ruas.

Publicidade

Últimas Notícias

Publicidade