Imagens mostram crianças e bebês sendo agredidos em creche no Rio Grande do Sul
Cenas de violência foram gravadas pelas câmeras de segurança em dias diferentes
Gabriela Lerina
O SBT teve acesso, com exclusividade, às imagens de agressões físicas contra crianças e até bebês de uma escola infantil em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha. As cenas de violência foram gravadas pelas câmeras de segurança em quatro dias diferentes.
Uma das imagens mostra uma funcionária agarrando um menino pelos braços e colocando a criança de cabeça para baixo. Depois, ela agride outro aluno na sala de aula com um empurrão.
Outro trecho mostra o momento que uma outra criança leva um tapa no rosto ao se levantar. Na sala de descanso, a professora xinga e puxa uma menina, que chora. Com os pés, a agressora arrasta um dos bebês.
As agressões aconteceram, em outubro, na escola particular que se chama "Colorindo o Mundo". Um pai de aluno teve acesso às imagens das câmeras de segurança. Antes disso, as famílias já suspeitavam dos maus-tratos.
Uma das mães conta que a filha chegava machucada. "Roxos, com marcas. Teve até, uma vez, que ela chegou toda arranhada. A gente chegava, ia lá e comentava sobre o assunto, mas sempre eram elas as culpadas, as crianças que eram as culpadas, que elas mesmas se arranhavam. A gente escutava que elas estavam aprendendo a se defender".
A polícia investigou as denúncias e encaminhou o caso à Justiça. Por envolver menores de idade, não tivemos acesso ao inquérito. As três funcionárias apontadas como responsáveis pelas agressões foram demitidas e a escola fechada temporariamente.
"Nós temos condutas de maus-tratos nessas imagens. Alguns pais procuraram a Polícia Civil porque perceberam conduta dos filhos que podem ter sido vítimas de maus-tratos", afirma a delegada Aline Martinelli.
O advogado da escola disse que a diretora desconhecia a violência contra os alunos e que só viu as imagens depois que a polícia teve acesso./
"Ela não compactua de forma alguma com aquilo que aconteceu. Saber que uma professora faz algo contra um aluno não traz benefício algum pra ela, muito pelo contrário", afirma Airton Barbosa de Almeida.
Não é o que diz amãe de uma ex-aluna. "Todas sabiam, todas conviviam, todas eram coniventes com tudo que tava acontecendo lá", afirma.
Ela conta que a filha chegou a precisar de atendimento médico: "eu fui buscar ela no postinho, elas foram correndo com ela pro pra UBS, sem a minha autorização. Cheguei lá, minha filha estava muito sonolenta e só chorava de medo. Até hoje elas não me deram nenhuma resposta".
Uma outra criança agredida passou a fazer uso de remédios calmantes. "Eles estão traumatizados e é dificil tu tirar um trauma de uma criança, que a criança não entende, né? Sentimento de impotência. poderiam ter matado os nossos filhos, porque nossos filhos eram torturados, todos os dias. Aquilo que a gente via, já era rotina".