Ex-policial penal Jorge Guaranho será julgado pelo assassinato de petista em festa
Crime ocorreu em agosto de 2022 e chocou o país; julgamento começa em Curitiba
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Deivide Sacramento
O ex-policial penal Jorge Guaranho começa a ser julgado na terça-feira (11) pelo homicídio duplamente qualificado do guarda municipal e tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT), Marcelo Arruda, morto a tiros em 2022. O crime, que ocorreu em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, gerou grande repercussão nacional.
"O julgamento colocará um fim nessa fase da justiça... Isso vai servir para a paz social, a paz na política que precisamos no nosso Brasil", afirmou a advogada da família da vítima, Andrea Godoy.
Segundo as investigações, Guaranho descobriu que, no clube onde era sócio, acontecia uma festa de aniversário com temática do PT. Ele foi até o local acompanhado da esposa e do filho, alegando estar fazendo uma ronda. Ao chegar, discutiu com Marcelo Arruda, que celebrava seus 50 anos com amigos e familiares.
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A viúva de Marcelo, Pamela Silva, relatou como o clima era pacífico antes da confusão."A gente tava quieto no nosso canto, tranquilo, fazendo uma festa de aniversário... e ele nos ameaçou."
Na época, a esposa de Guaranho disse que ela e o filho foram atingidos por um punhado de terra, supostamente jogado por Marcelo Arruda, o que teria motivado a discussão. Guaranho deixou a festa, levou a família para casa e retornou ao local armado com uma pistola registrada no Departamento de Polícia Penal do Paraná. Ele invadiu a comemoração e, apesar da tentativa de Pamela de impedi-lo, começou a atirar.
"Não consegui, o cara tava louco... A gente não sabia, foi pego de surpresa", desabafou Pamela Silva.
Guaranho disparou três vezes contra Marcelo, atingindo-o duas vezes, sendo um dos tiros no peito. Mesmo ferido, Arruda reagiu e baleou o ex-policial penal quatro vezes. Já caído, Guaranho foi agredido com chutes na cabeça por convidados da festa. Marcelo Arruda foi socorrido e levado ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos. Ele deixou esposa e quatro filhos, sendo o mais novo com apenas 40 dias na época.
"Eu perdi meu namorado, meu marido, meu companheiro, meu amigo... É triste, dói bastante. Eu olhava praquilo e não acreditava. Eu lembro que estava na porta do hospital e alguém chegou pra mim, me chacoalhou e disse: 'Você precisa escolher o caixão'... Eu disse: 'Meu Deus, cara, não acredito'", relembra Pamela Silva.
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Após o crime, Guaranho foi internado e, depois de se recuperar, ficou preso na Penitenciária Estadual de Foz do Iguaçu e no Complexo Médico Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. O Ministério Público denunciou o ex-policial penal por homicídio duplamente qualificado, apontando que o crime teve motivo fútil e que os disparos colocaram em risco os 40 convidados da festa.
"É homicídio duplamente qualificado... Nós esperamos algo em torno de 15 a 20 anos", comentou o advogado da família da vítima, Daniel Godoy.
Em abril do ano passado, o julgamento foi suspenso após a defesa de Guaranho abandonar o plenário, alegando desrespeito a questões processuais. O júri foi remarcado, mas novamente adiado.
Inicialmente previsto para ocorrer no Fórum de Foz do Iguaçu, o Tribunal de Justiça decidiu pelo desaforamento do caso para Curitiba, atendendo a um pedido da defesa do réu, que alegou a necessidade de um julgamento imparcial.
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"Nesse decorrer desse tempo, até chegar a nova data, houve um pedido dos advogados dele... Então agora nós estamos indo para Curitiba", afirmou Pamela Silva.
Atualmente, Guaranho cumpre prisão domiciliar e é monitorado por tornozeleira eletrônica. Ele foi liberado por meio de um habeas corpus em setembro de 2024, com a justificativa de necessidade de tratamento médico adequado.
O julgamento começará em 11 de fevereiro, mas não há previsão para seu término devido à complexidade do caso. A defesa de Guaranho também demonstra confiança no desfecho.
O desfecho do caso será acompanhado de perto pela família da vítima, que aguarda por justiça.