Bandidos filmam crimes e divulgam imagens nas redes sociais
Criminosos buscam visibilidade, engajamento e status perante outros bandidos
SBT Brasil
Bandidos desafiam as autoridades e registram seus próprios delitos em vídeo para divulgar as imagens nas redes sociais. Ação ficou conhecida como "lives criminosas".
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"Enquanto de um lado o trabalhador, cidadão de bem, vive naturalmente a sua vida, o trabalho que ele fez, o fruto do trabalho, do outro lado temos os criminosos que hoje passam a ostentar aquilo que eles têm como 'trabalho', que é a atividade criminosa", disse o delegado Gustavo Mesquita.
Nas gravações, os bandidos não se escondem: mostram rostos e o passo a passo dos crimes. Em São Paulo, delegacias especializadas acompanham essas transmissões, que já serviram, inclusive, como prova em inquéritos.
"Nesses casos, as redes sociais acabam funcionando como uma vitrine do crime, que ostenta essas atividades e em alguns casos seduz os jovens pra entrar na atividade criminosa. [...] E também como meio de provas, porque uma vez que esses criminosos estão publicizando os seus atos, isso funciona como uma espécie de confissão", explica o delegado.
A internet virou palco para espetacularização de crimes: quem comete os delitos busca visibilidade, engajamento e status perante outros bandidos. É o crime em tempo real, que desafia o Estado e banaliza a violência. Contudo, se os vídeos estão nas redes, por que muitos autores continuam impunes? A resposta está na estrutura da investigação e no próprio cálculo feito pelos criminosos, afirma Pedro Iokoi, doutor em direito processual penal:
"Como hoje a gente tem uma taxa de esclarecimento de crimes que é muito baixa, a percepção de impunidade, inclusive para os criminosos, ela é absoluta, ao ponto de eles filmarem a ação criminosa sem se esconder, buscando uma fama".
A exposição dos crimes nas redes revela um desafio crescente para as autoridades: transformar o deboche dos ladrões em prova e responsabilização.
"Eu acho que na cabeça dessas pessoas, exatamente por não entender a resposta do Estado quando o Estado alcança o criminosos, vale tudo, muitos desses jovens não tem ideia das penas que estão sujeitos e o tempo que vão passar encarcerados", explica Iokoi.