Advogada negra é vítima de racismo em loja da Zara no Rio
Funcionária abordou a cliente na saída da loja e disse que havia uma blusa de cetim furtada dentro de sua sacola
A Polícia Civil do Rio de Janeiro vai investigar uma denúncia de racismo feita por uma advogada, no sábado (18), contra uma loja da Zara, no Barra Shopping, zona oeste da cidade. A vítima, Ingryd de Souza, expôs o que aconteceu em seu perfil no Instagram, na segunda-feira (20).
Na publicação, a advogada conta que fazia compras com o marido na loja de roupas, no sábado (18). Na saída, ela foi abordada por uma funcionária, que estava ao lado do detector antifurto, e teve que retirar os itens da sacola para provar que não estava com nenhuma peça furtada.
O detector apitou e, segundo a gerente, ele foi acionado porque havia uma blusa de cetim dentro da sacola de Ingryd. A advogada retornou para dentro da loja, mostrou a nota fiscal e as roupas compradas por ela. Não havia nenhuma blusa de cetim com Ingryd ou com o marido.
O casal filmou toda a abordagem com o celular. A advogada, que é negra, ressalta que não havia nenhuma identificação eletrônica nas peças. Depois de ter as sacolas revistadas, ela foi liberada, e o detector não voltou a ser acionado.
Para Ingryd, o equipamento estava sendo acionado de forma remota e discriminatória. Além disso, ela destaca que o marido, que tem a pele mais clara, não foi apontado em nenhum momento como a pessoa que estaria com a suposta peça – mesmo estando com três bolsas e uma mochila.
O caso foi registrado como ato de discriminação racial na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). A Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ disse que tomará "as providências necessárias para o acolhimento da vítima, apuração dos fatos e responsabilização dos envolvidos".
Em nota, a Zara afirmou que não tolera qualquer ato de discriminação e que "lamenta que a cliente tenha se sentido desta maneira".
"A empresa ressalta que está reforçando todos os processos e políticas de atendimento com as equipes para que suas lojas sejam sempre um ambiente seguro, acolhedor e inclusivo para todos", diz o pronunciamento.
