Itamaraty acusa ministro de Israel de proferir "inverdades e grosserias inaceitáveis" contra Lula e o Brasil
Declaração acontece após Israel Katz chamar Lula de “apoiador do Hamas” e divulgar imagem feita com inteligência artificial associando o líder supremo do Irã

Vicklin Moraes
O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) condenou nesta terça-feira (26) a publicação do ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, que atacou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o classificou como "apoiador do Hamas".
+Tarcísio lidera disputa por governo de São Paulo em 2026, mostra Paraná Pesquisas
"Espera-se do sr. Katz, em vez de habituais mentiras e agressões, que assuma responsabilidade e apure a verdade sobre o ataque de ontem contra o hospital Nasser, em Gaza, que provocou a morte de ao menos 20 palestinos, incluindo pacientes, jornalistas e trabalhadores humanitários”, afirmou o Itamaraty em nota.
O governo brasileiro também destacou que Katz "não pode se eximir de sua responsabilidade” e que cabe a ele “assegurar que seu país não apenas previna, mas também impeça a prática de genocídio contra os palestinos”.
+Israel rebaixa relações com Brasil e acusa Lula de “antissemita declarado”
Confira posicionamento do Itamaraty na íntegra
Nesta terça-feira(26), Katz publicou em sua conta no X uma montagem feita com inteligência artificial, que associava Lula ao líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei. A imagem mostrava o presidente brasileiro como marionete controlada pelo religioso iraniano.
“Agora ele revelou sua verdadeira face como antissemita declarado e apoiador do Hamas ao retirar o Brasil da IHRA – o organismo internacional criado para combater o antissemitismo e o ódio contra Israel – colocando o país ao lado de regimes como o Irã, que nega abertamente o Holocausto e ameaça destruir o Estado de Israel”, escreveu o ministro israelense.

As tensões diplomáticas entre Brasil e Israel se intensificaram desde 2024, quando Lula comparou os ataques israelenses em Gaza às ações de Hitler na Segunda Guerra Mundial. À época, o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, foi levado ao Museu do Holocausto por Katz em um gesto considerado humilhante pelo Itamaraty.
Na segunda-feira (25), Israel anunciou o rebaixamento das relações diplomáticas com o Brasil após o governo brasileiro recusar a aprovação das credenciais de Gali Dagan, indicado por Jerusalém para a embaixada em Brasília.
Além disso, nos últimos meses, o Brasil deixou a Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), decisão classificada pelo governo de Benjamin Netanyahu como uma “profunda falha moral”.