Polícia

Rio de Janeiro tem um fuzil apreendido a cada 12 horas em 2025

Quase 600 fuzis foram apreendidos nos primeiros nove meses do ano, o maior número em quase duas décadas; uso de armas montadas cresce

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A cada 12 horas, um fuzil é apreendido no Rio de Janeiro. O estado já soma quase 600 armas desse tipo somente em 2025, o maior número registrado em quase duas décadas.

No estado, não é raro ouvir os sons de disparos de armas de guerra. Os fuzis são utilizados até mesmo em crimes contra o patrimônio.

“Você vai ver o PCC em São Paulo usando um fuzil para atacar uma base de transportadora de valores, um carro-forte, talvez um sequestro, um homicídio, mas não por essa rotina criminosa de roubar um celular, por exemplo, num ponto de ônibus, um trabalhador, usando um fuzil”, explica Victor Santos, secretário estadual de Segurança Pública.

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De janeiro a setembro deste ano, foram apreendidos 593 fuzis no estado — uma média de dois por dia. É o maior número desde o início da série histórica do Instituto de Segurança Pública, há 18 anos.

No cenário nacional, a média é de cinco fuzis apreendidos por dia até agosto. O Rio de Janeiro responde por mais de 37% dessas apreensões, segundo dados do Ministério da Justiça. São Paulo e Bahia aparecem na sequência.

Fuzis apreendidos no Brasil (jan-ago/2025):

  • Rio de Janeiro: 518
  • São Paulo: 310
  • Bahia: 97
  • Total no país: 1.396

(Fonte: Ministério da Justiça e Segurança Pública)

Além das apreensões, autoridades alertam para o aumento no uso de armas montadas com peças importadas, oriundas da China e dos Estados Unidos.

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No Rio, as maiores apreensões deste ano aconteceram em regiões controladas por facções do tráfico de drogas, como os complexos do Chapadão e da Pedreira, além do Morro do Juramento, na zona norte da cidade. As operações que resultaram nas apreensões costumam ser marcadas por confrontos intensos entre policiais e criminosos.

“Se a gente aprende muito é porque tá entrando muito. E se tá entrando muito é porque tem muita quantidade ainda. São 1.900 comunidades no Rio de Janeiro”, afirma o secretário Victor Santos.

Outro fator que pode influenciar a produtividade policial é a recompensa de R$ 5 mil paga por cada fuzil apreendido, como analisa o sociólogo da Universidade Federal Fluminense (UFF), Daniel Misse.

“Quem detém fuzil não vai querer que seu fuzil seja apreendido? Claro que não vai querer, porque é uma arma cara, imagina. Então é uma tendência de uma elevação das disputas territoriais e de um aumento do número de tiros de fuzil que possa estar circulando pela cidade”, destaca o professor.

Misse defende o rastreamento das armas apreendidas para evitar desvios e o fortalecimento da fiscalização nos portos e nas fronteiras.

“Não é possível fazer uma fiscalização preventiva para que se diminua isso? E por que o Rio de Janeiro é o estado que mais concentra esse tipo de arma de grosso calibre? Tem-se questionar que tipo de política pública no estado estimula que essas armas venham para cá”, finaliza o pesquisador.

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