Criminosos disfarçados de entregadores espalham medo no Itaim Bibi, região nobre de SP
Bairro badalado da capital paulista registrou média de quatro assaltos por dia em 2024, segundo a Secretaria da Segurança Pública
Simone Queiroz
Criminosos disfarçados de entregadores estão espalhando medo entre os moradores de um dos bairros mais nobres de São Paulo, o Itaim Bibi. Segundo a Secretaria da Segurança Pública, foram registrados 1.511 assaltos no bairro, no ano passado, uma média de um a cada seis horas.
Câmeras de segurança flagraram algumas dessas ações. Em uma delas, um casal passeava com o cachorro quando foi abordado por um motociclista. O criminoso levou o celular e o relógio do homem, enquanto a mulher mal teve tempo de pegar o cachorro antes de o assaltante fugir.
Em outro caso, uma mulher foi surpreendida ao voltar para o carro que havia deixado aberto. O assaltante, carregando uma bolsa de entregador, não se satisfez com os pertences entregues e revirou o veículo em busca de mais objetos de valor. Antes de fugir, ainda atravessou a rua para cometer mais um assalto.
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As imagens foram gravadas por uma startup de segurança pública e mostram a vulnerabilidade da região. A reportagem visitou o local e constatou a preocupação dos moradores.
"Não dá para sair com o celular, a gente tem que ser rápido até para passear com o cachorro", relata uma moradora.
Apesar de os crimes não serem cometidos por entregadores legítimos, mas por criminosos que se disfarçam, há medidas que podem ajudar a conter essa prática, segundo especialistas. O diretor do Sindicato dos Delegados de Polícia Civil de São Paulo, Edson Pinheiro, defende que as empresas de aplicativo reforcem a identificação de seus trabalhadores. “As empresas podem promover cadastros rigorosos, fazer verificações constantes e adotar medidas como emplacamentos diferenciados nas motocicletas para facilitar o rastreamento”, sugere.
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A Associação dos Motofretistas de Aplicativos e Autônomos do Brasil também se manifestou, criticando a demora na regulamentação da profissão, prevista em uma lei de 2007. A entidade recomenda o uso de baús com identificação da licença e da placa.
Além disso, o policiamento ostensivo é apontado como fundamental para inibir essas ações. "Onde os criminosos sabem que há policiamento, dificilmente cometerão crimes. Mas quando há sensação de desproteção, o crime se espalha", alerta o delegado.
Para os entregadores honestos, a situação tem gerado desconfiança e dificuldades no trabalho. “É complicado porque quem trabalha certinho acaba sendo visto com desconfiança. Você chega para entregar e as pessoas já ficam receosas”, lamenta um motoboy.
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informou que os crimes na região são investigados pelo 15º Distrito Policial, no Itaim Bibi, e que diligências estão sendo realizadas para identificar e prender os envolvidos. A pasta destacou ainda que tem reforçado o combate a crimes como roubos e furtos de celulares por meio da Operação Mobile.