Limpeza do Sena, ciclovias e mais: o legado olímpico em Paris
Olimpíada foi a menos cara do século 21, com um custo total de cerca de 9,7 bilhões de dólares, segundo a S&P Global Ratings
Com o fim da Olimpíada de Paris, fica o legado para a cidade, onde 95% das construções usadas já estavam prontas.
Não foram apenas os cenários de Paris que essa Olimpíada consagrou ainda mais. A cidade trouxe o que, pra muitos, deve ser uma virada de página na história dos jogos.
Foi a Olimpíada menos cara do século 21, com um custo total de cerca de 9,7 bilhões de dólares, segundo a S&P Global Ratings.
O valor é significativamente menor do que os custos de edições anteriores, como os 13 bilhões de dólares gastos em Tóquio 2021, os 13,1 bilhões de dólares na Rio 2016 e os 17,1 bilhões de dólares em Londres 2012.
Algumas construções são temporárias, como a arena do vôlei de praia. A Vila Olímpica ficou para uma das regiões mais pobres do país, na periferia de Paris.
A rede de metrô tem mais que o dobro do tamanho da de São Paulo, para uma população 70% menor.
"A gente pode resumir essas mudanças numa frase: as cidades não precisam mais mudar pra receber os Jogos Olímpicos. São os Jogos Olímpicos que têm que se adaptar à cidade", diz Tânia Braga, diretora de legado do Comitê Olímpico Internacional (COI).
O jogo limpo ganhou outra conotação na cidade que prometeu a Olimpíada mais sustentável da história, mas nem tudo deu certo. A alta temperatura obrigou a organização a comprar 2.500 aparelhos de ar-condicionado na última hora.
Paris também ganhou 54 quilômetros de novas ciclovias e deu um passo que muitos consideravam impossível: despoluir o Rio Sena, que corta a cidade, a ponto de transformá-lo numa alternativa pra grandes competições aquáticas.
Eles avançaram muito, mas não conseguiram eliminar completamente a sujeira, nem a desconfiança, que cresceu com a desistência da equipe de triatlo da Bélgica. Uma das atletas que nadou no rio passou mal, mas a prefeitura garante que o Rio Sena hoje é outro.
"Seria muito difícil essa limpeza sem os Jogos Olímpicos", disse a prefeita de Paris, Anne Hidalgo. Se o futuro olímpico é mais sustentável, ele continua voltado pra cidades ricas, e derruba a perspectiva de acontecer em lugares sem estrutura já pronta. O Rio de Janeiro foi uma exceção.
"Tem que fazer sentido não só pras duas semanas de celebração e performance esportiva, mas tem que fazer sentido também pra um projeto de 10, 20, 30, 40 anos do desenvolvimento da cidade ou região", diz Tânia Braga.
O critério olímpico exclui a maior parte do mundo. É uma competição para a elite do esporte e também para a elite do planeta. Sediar e frequentar os Jogos Olímpicos é um sonho que poucos, muito poucos, terão a oportunidade de realizar.