Trump nega influência do secretário do Tesouro na permanência de Powell no Federal Reserve
Presidente chama reportagem do The Wall Street Journal de “mentirosa” e reafirma críticas ao presidente Banco Central americano nas redes sociais

Gabriella Rodrigues
com informações da Reuters
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desmentiu neste domingo (20) que o secretário do Tesouro, Scott Bessent, tenha precisado convencê-lo a não demitir Jerome Powell, atual presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central americano. A declaração foi feita em sua rede social, Truth Social, em resposta a uma reportagem publicada pelo The Wall Street Journal.
Segundo o jornal nova-iorquino, Bessent teria alertado Trump sobre o risco de instabilidade no mercado caso a demissão fosse adiante. Em resposta, o presidente chamou a matéria de “mentirosa” e escreveu: “As pessoas não me explicam nada, eu é que explico para elas.”
Trump também afirmou que sabe “melhor do que ninguém o que é bom para o mercado e para os Estados Unidos” e que o mercado, provavelmente, já teria despencado se não fosse por ele.
Conflito com Powell e pressão por renúncia
Nos últimos meses, Trump intensificou suas críticas a Jerome Powell e pressiona publicamente por cortes nas taxas de juros. Na quinta-feira (17), ele passou a usar termos mais duros, chamando Powell de “atrasado” e afirmando que a saída do presidente do Fed “não pode vir rápido o suficiente”. Trump também o chamou de “o pior presidente do Fed da história”, reforçando a insatisfação com a política monetária conduzida pela autoridade.
Para o Federal Reserve, no entanto, é fundamental manter uma postura cautelosa diante dessas cobranças, já que a instituição precisa avaliar cuidadosamente os efeitos das tarifas comerciais impostas pelo governo Trump a parceiros que fazem parte da guerra comercial iniciada pela administração. Essas tarifas podem pressionar os preços e agravar a inflação, dificultando o controle monetário pelo Fed. Além disso, incertezas em outras áreas, como imigração, tributação e regulamentação, levam o banco a preferir aguardar mais informações antes de decidir sobre mudanças na política monetária.
Apesar das cobranças, o Federal Reserve é uma instituição independente e seus dirigentes só podem ser afastados por justa causa. Ou seja, o presidente dos EUA não tem poder legal para demitir Powell, que foi nomeado para o cargo pelo próprio Trump em 2017 e reconduzido em 2022 pelo presidente Joe Biden. Por isso, ele tem apelado publicamente para que Powell renuncie.
O mandato atual do presidente do Fed vai até maio de 2026, e ele já declarou que pretende cumpri-lo integralmente, mesmo diante das pressões políticas.
Veja o post completo de Trump na Truth Social (traduzido):
"O Wall Street Journal publicou hoje uma matéria tipicamente mentirosa, dizendo que o Secretário do Tesouro, Scott Bessent, me explicou que demitir Jerome 'Tarde Demais' Powell, o pior presidente do Federal Reserve da história, seria ruim para o mercado. Ninguém precisou me explicar isso. Eu sei melhor do que qualquer um o que é bom para o mercado e o que é bom para os EUA. Se não fosse por mim, o mercado não estaria em altas históricas agora, provavelmente teria DESPENCADO! Então, tratem de corrigir as informações. As pessoas não me explicam nada, eu é que explico para elas!"