Sexta-feira 13: sorte ou azar? Por que acreditamos em superstições?
Apesar de estarem baseadas em atitudes irracionais, elas permeiam o comportamento humano; entenda

SBT News
Hoje é sexta-feira, 13. Só de ouvir essa data, muita gente já fica com um pé atrás. Para alguns, é sinal de azar na certa. Para outros, quem sabe, pode até ser um dia de sorte. Essa mistura de sentimentos tem a ver com uma tradição antiga que liga o número 13 e a sexta-feira a acontecimentos misteriosos, esquisitos – ou até perigosos.
Acredite ou não, o medo do número 13 é tão comum que até tem nome: triscaidecafobia. O termo foi criado em 1910 por Isador Coriat, em um livro chamado 'Psicologia Anormal', onde o psiquiatra americano tentava entender por que o subconsciente se apega a essas coisas.
Mas por que o número 13 incomoda tanto?
De acordo com o pesquisador Joe Nickell, tudo começa com o número 12. Em várias culturas, ele é considerado um número "completo": 12 meses no ano, 12 signos do zodíaco, 12 apóstolos, 12 deuses do Olimpo. Aí vem o 13, quebrando esse padrão, como se fosse um intruso na festa. Não ajuda o fato de, no tarô, o número 13 estar ligado à carta da morte – o que só reforça a má fama.
E de onde vêm as superstições?
Superstições costumam aparecer em momentos de insegurança, estresse ou quando a gente sente que perdeu o controle das coisas. É como se o cérebro precisasse de uma explicação mágica para dar conta do caos. Aí entra o pensamento de que tem algo maior, invisível, observando nossas atitudes.
O historiador religioso David Kling, da Universidade de Miami, explica que até quem se diz cético ou ateu acaba sendo meio supersticioso. "Em um experimento, pessoas acreditavam que influenciavam eventos, mesmo quando isso era impossível – acreditando que ajudaram um jogador a marcar um gol em um jogo de basquete ao desejar o resultado ou que haviam prejudicado alguém ao enfiar alfinetes em um boneco de vodu", conta ele.
Pra Kling, essas crenças supersticiosas vêm como uma forma de administrar a recompensa e a punição sobrenaturais e, embora aparentemente absurdas, são tentativas de exercer algum controle sobre eventos imprevisíveis. É uma forma de negociar com o acaso, digamos assim.
Ciência x Superstição
A professora Catherine Newell, também da Universidade de Miami, lembra que o conceito de "falseabilidade", trazido à tona por Karl Popper, é um ponto de colisão entre ciência e superstição. O conceito do filósofo diz que uma teoria científica só seria válida se pudesse ser provada errada, algo difícil de aplicar ao universo das superstições.
"Não há como saber se usar suas meias da sorte ou fazer um ritual específico antes de um jogo realmente influencia o resultado", ressalta Newell.
Mesmo assim, muita gente segue acreditando. E não só gente comum: o físico Niels Bohr, ganhador do Prêmio Nobel, tinha uma ferradura pendurada na porta. Quando perguntaram se ele acreditava em sorte, ele respondeu com ironia: "Disseram-me que a ferradura traz sorte, quer eu acredite ou não".
No fim das contas...
Por mais que o mundo esteja cada vez mais científico e conectado, ainda somos humanos – e humanos gostam de significados, de rituais, de padrões. Em tempos difíceis, às vezes é reconfortante fazer um gesto aparentemente bobo, mas que nos dá uma sensação de proteção.
Se dá sorte ou azar? Ninguém sabe. Mas se acreditar ajuda, talvez já valha a pena.