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Relatório da ONU aponta para expansão de golpes online aplicados por máfias asiáticas

Redes criminosas tecem império bilionário com fraudes, em um mercado virtual que desafia fronteiras

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Uma em cada seis crianças são vítimas de cyberbullying | Unsplash
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Uma ameaça silenciosa e sofisticada emerge do Sudeste Asiático, expandindo suas garras pelo mundo digital: máfias especializadas em golpes online estão crescendo em escala industrial, alertam as Nações Unidas.

Um relatório do Escritório da ONU sobre Drogas e Crime (Unodc) revela que essas redes criminosas transnacionais se tornaram líderes em fraudes cibernéticas, lavagem de dinheiro e serviços bancários clandestinos, construindo um ecossistema digital ilícito que movimenta bilhões de dólares e coloca em risco a segurança global.

Segundo Benedikt Hofmann, representante regional interino do Unodc, esse tipo de crime se alastra rapidamente, buscando novas áreas à medida que a repressão aumenta.

A região se transformou em um "ecossistema interconectado" de sindicatos criminosos sofisticados, que desafiam a soberania dos Estados ao reinvestir seus lucros e explorar vastas forças de trabalho multilíngues, muitas vezes compostas por milhares de vítimas de tráfico humano. Dados do Unodc estimam que esses centros de golpes em escala industrial geram cerca de US$ 40 bilhões em lucros anuais.

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O crescimento dessas máfias está intrinsecamente ligado à sua habilidade de lavar dinheiro com criptomoedas e bancos clandestinos, infiltrando grandes somas de recursos ilícitos nos sistemas financeiros de todo o mundo.

Essas organizações criminosas estabeleceram forte presença em zonas econômicas especiais e áreas fronteiriças, principalmente no Camboja, Laos, Mianmar e Filipinas. Com o aumento da pressão policial, elas se deslocam para regiões mais remotas e inacessíveis, incluindo áreas controladas por grupos armados não estatais.

Um fator crucial para essa expansão é o surgimento de novos mercados online ilícitos, originários do Sudeste Asiático, que ampliaram drasticamente o fluxo de receita do crime. Esses mercados virtuais abrigam uma vasta gama de "comerciantes" especializados na venda de dados roubados, ferramentas de hackear, softwares maliciosos (malware) e diversos serviços bancários clandestinos, lavagem de dinheiro e crimes cibernéticos.

Muitos desses mercados operam na plataforma Telegram, que oferece acesso facilitado, design otimizado para dispositivos móveis, criptografia robusta, mensagens em tempo real e automação por meio de "bots", tornando-se uma ferramenta mais conveniente para os criminosos do que a Dark Web.

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O Unodc adverte que esses grupos criminosos estão constantemente integrando novas tecnologias e modelos de negócios, incluindo malware avançado, inteligência artificial e deepfakes em suas operações.

A agência da ONU enfatiza que a falha em desmantelar esse "ecossistema autossustentável" terá consequências sem precedentes para o Sudeste Asiático e com graves repercussões globais. À medida que esses sindicatos do crime evoluem, eles se tornam capazes de orquestrar "ameaças cibernéticas mais sofisticadas".

Somente nos Estados Unidos, as autoridades reportaram perdas financeiras superiores a US$ 5,6 bilhões com golpes envolvendo criptomoedas em 2023. No mesmo ano, países do Leste e Sudeste Asiático registraram perdas de aproximadamente US$ 37 bilhões devido a fraudes cibernéticas, evidenciando a escala global dessa crescente ameaça digital.

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