"Não deixaremos nossa pátria", afirma presidente da Autoridade Palestina na ONU
Mahmoud Abbas precisou participar de forma online na Assembleia Geral depois de ter o visto negado pelos Estados Unidos, onde fica a sede das Nações Unidas
Giovanna Colossi
Impedido de viajar aos Estados Unidos para participar presencialmente da 80ª Assembleia Geral da ONU, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, discursou no evento nesta quinta-feira (25), por videochamada. O líder agradeceu as nações que reconheceram recentemente o Estado palestino e pediu o fim imediato da guerra na Faixa de Gaza.
"O que Israel está realizando não é apenas uma agressão, é um crime de guerra e um crime contra a humanidade, documentado e monitorado, que ficará registrado nos livros de história e nas páginas da consciência internacional como um dos capítulos mais horríveis da tragédia humanitária do século 21", disse e reforçou:
"Afirmamos, e continuaremos a afirmar, que a Faixa de Gaza é parte integrante do Estado da Palestina e que estamos prontos para assumir total responsabilidade pelo governo e pela segurança. O Hamas não terá papel no governo. O Hamas e outras facções terão de entregar suas armas à Autoridade Nacional Palestina."
Abbas disse estar pronto para trabalhar com o presidente dos EUA, Donald Trump, Arábia Saudita, França e as Nações Unidas para implementar um plano de paz para Gaza apoiado de forma esmagadora pela organização mundial.
O presidente palestino também rejeitou os planos do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de construir uma 'Grande Israel', em território da Palestina, Líbano e Jordânia.
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“Rejeitamos e lamentamos completamente”, afirmou Abbas. "Dizemos a nossos filhos e filhas em nossa pátria, no exílio e na diáspora: não importa quanto nossas feridas sangrem ou quanto tempo dure este sofrimento, isso não quebrará nossa vontade de viver e sobreviver. O amanhecer da liberdade surgirá e a bandeira da Palestina tremulará nos céus. A Palestina é nossa. Não deixaremos nossa pátria; nossa terra, nosso povo permanecerá enraizado como as oliveiras", completou.
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Antissemitismo
No discurso, bastante aplaudido por representantes de outros países membros da ONU, Abbas também contestou que atos de solidade com a causa palestina sejam confundidos com antissemitismo e delineou uma série de pontos para acabar com a crise humanitária na Faixa de Gaza
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"Reiteramos hoje: precisamos de um fim imediato e permanente para a guerra em Gaza; da entrada incondicional de ajuda humanitária por meio das Nações Unidas e do fim do uso da fome como arma; da libertação de todos os reféns e prisioneiros de ambos os lados; da retirada completa da ocupação da Faixa de Gaza e da rejeição total dos planos de deslocamento; de que o Estado da Palestina assuma a responsabilidade pelo controle da Faixa de Gaza; e da implementação da reconstrução"
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Para isso, Abbas apelou à comunidade internacional. "Mais de mil resoluções foram aprovadas nas Nações Unidas, mas nenhuma foi implementada. Houve muitos esforços e diversas iniciativas internacionais, sem que se alcançasse um fim para a trágica situação que os palestinos vivem sob a ocupação", afirmou.
"Hoje dizemos com clareza: a paz não pode ser alcançada se a justiça não for alcançada, e não pode haver justiça se a Palestina não for libertada. Queremos viver em liberdade, segurança e paz, como todos os outros povos da Terra."