YMCA: Hino improvável de Trump encerra a festa Republicana na véspera da posse
O hit do Village People foi entoado ao vivo no evento que lotou uma arena no centro da capital americana
Patrícia Vasconcellos
Washington DC - Eram cerca de três da tarde quando os integrantes do grupo chegaram ao palco para a passagem de som. Por duas vezes, os cantores e bailarinos do Village People cantaram a música que ficou conhecida como "o hino improvável dos eventos de Donald Trump".
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YMCA é a legenda, em inglês, para "Young men 's christian association". Em português, Associação Cristã dos homens jovens. A entidade foi fundada no século dezenove em Londres como forma de garantir aos trabalhadores jovens da era industrial melhores condições de trabalho.
A música YMCA, inspirada na sigla acima, virou hit em 1979 quando o produtor francês Jacques Morali compôs a letra junto ao cantor Victor Willis. É um som que cativa e faz todos dançarem. A coreografia com braços pra lá e pra cá surgiu também nesta época. A letra diz:
"Jovem, não há necessidade de se sentir deprimido, eu disse. Jovem, levante-se do chão, eu disse. Jovem, porque você está em uma cidade nova, não há necessidade de ser infeliz. Jovem, há um lugar onde você pode ir, eu disse Jovem, quando você está com pouco dinheiro, você pode. Fique aí e tenho certeza que você encontrará".
As frases podem ser interpretadas como um incentivo à vida, uma mensagem original aos homens jovens da classe trabalhadora, e no começo dos anos oitenta, na era disco, virou hit nas boates LGBT. As apresentações do grupo performáticas também viraram marca com cada um incorporando um personagem.
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Na pandemia, a música virou febre nos comícios de Trump, que tentava a reeleição. Muitos apoiadores dele cantavam o refrão trocando a sigla Y.M.C.A por M.A.G.A., que significa em português "faça a America Grande de Novo". Os hits dançantes viraram marca. No Capital One, neste domingo, 19, o público deixou as arquibancadas ao som de "Glória", de Laura Branigan. O hit dançante da década de oitenta é uma ode à mulher que, décadas depois, ainda vive contradições internas misturando o romance à solidão que muitas vezes bate.
Há quatro décadas, Laura Branigan cantava com roupas brilhantes o refrão: " Glória, como vai ser? Você o encontrará na linha principal ou o pegará no rebote? Você vai casar por dinheiro, arrumar um amante à tarde? Sinta sua inocência se esvaindo, não acredite que ela vai voltar então".
YMCA tem outra mensagem mas é igualmente vibrante e virou manchete no dia em que a política americana também foi destaque pela mudança de liderança na Casa Branca neste vinte de janeiro.