Feira do Livro da Argentina acontece em meio a crise no setor e sem patrocínio de Milei
Nesta edição, Lisboa é a cidade homenageada, e há bastante conteúdo em português à disposição dos frequentadores
A Argentina sempre foi conhecida pelas belas livrarias e por uma população ávida por leitura, mas a crise que assola o país não vem dando muita chance ao mercado editorial. É nesse contexto que ocorre a Feira do Livro, um dos principais eventos culturais do país.
Fica em Buenos Aires a livraria que já foi considerada a mais bonita do mundo, a El Ateneo Grand Splendid. É onde também estão centenas de outras. Espaços tradicionais e aconchegantes que os argentinos gostam tanto, mas tem sido difícil sair das lojas com as mãos cheias.
A tradicional Feira do Livro começou na capital portenha em meio a uma crise no setor. As vendas caíram 30% no começo do ano – até a presença na feira diminuiu.
Nesta edição, Lisboa é a cidade homenageada, e há bastante conteúdo em português à disposição dos frequentadores. A representante da embaixada brasileira, Isabel de Matos, revela os autores brasileiros que costumam ser bastante procurados nestes eventos. "Eles gostam muito de Jorge Amado, de Clarice Lispector. Tem bastante argentino pesquisando os livros aqui ultimamente”, conta.
Com os desafios que o mercado editorial enfrenta, a organização da feira criticou a postura do presidente Javier Milei, que decidiu não apoiar o evento. Depois de muitos anos, o Banco de la Nación, que é estatal, retirou o patrocínio, e, pela primeira vez, não há um estande do governo por aqui. Tudo devido ao corte de gastos severo promovido por Milei.
Mesmo assim, ele quis lançar o próprio livro na feira – proposta que foi recebida com ironia pelo presidente da Fundação do Livro, Alejandro Vaccaro. Ao comentar que a presença do chefe de estado geraria gastos com a segurança, Vaccaro concluiu, imitando Milei: "Não há dinheiro".
Depois disso, Milei decidiu lançar o livro em outro lugar e reclamou que foi intimidado pela organização da feira.