EUA encorajam imigrantes ilegais a usarem aplicativo para autodeportação
Em entrevista exclusiva ao SBT, porta-voz do Departamento de Estado afirma que Brasil e EUA têm trabalhado em conjunto sobre a questão migratória
Patrícia Vasconcellos
Sete voos com brasileiros deportados deixaram os Estados Unidos rumo ao Brasil nos últimos 101 dias. Segundo o governo americano, o traslado é um trabalho em conjunto entre os dois países.
"Colaboramos com o governo brasileiro sobre temas migratórios e sobre muitos outros temas de segurança nacional”, disse Amanda Roberson, porta-voz do Departamento de Estado americano, em entrevista exclusiva ao SBT.
+ PIB dos EUA cai 0,3% no 1º trimestre do governo Trump, segundo relatório
Segundo a diplomata, Brasil e Estados Unidos compartilham os mesmos desafios: o combate ao crime organizado e às drogas. Sobre os brasileiros que ainda estão em solo americano em situação migratória irregular, Roberson afirmou que o risco de detenção e deportação existe, mas que esse não é o único caminho. "Existe outra opção, utilizando um aplicativo que se chama CPB Home”.
Criado nesta nova administração, a plataforma é uma ferramenta que o governo americano oferece para que os estrangeiros em situação irregular saiam de forma voluntária. "É um aplicativo gratuito, qualquer pessoa pode utilizar. Ela vai se cadastrar, fornecer algumas informações e irá notificar o governo dos EUA para sair do país. O grande benefício da pessoa usar este aplicativo é que ela não vai ser presa e deportada”, disse Roberson.
Questionada sobre a segurança que o estrangeiro terá sobre o uso dos dados e sobre não ser detido ou preso, a diplomata afirmou que o processo é seguro. "A pessoa irá receber um registro oficial da sua saída e vai ter a possibilidade, no futuro, de entrar nos Estados Unidos de forma legal”, garantiu. Os que são deportados, pondera, não terão a possibilidade de entrar em solo americano no futuro.
Negociação das tarifas com o Brasil
Sobre a negociação das tarifas de exportação, tema que afeta a indústria brasileira, Amanda Roberson afirmou que os canais de comunicação entre os países estão abertos: "Diferentes países no mundo, incluindo o Brasil, estão negociando com os Estados Unidos. No Brasil, há representantes brasileiros colaborando, conversando muito estreitamente com seus canais americanos para propor soluções, para chegar a um acordo que pode beneficiar os dois lados. Temos muito em comum”.
Em 2024, Brasil e Estados Unidos celebraram 200 anos de relações diplomáticas. "São países grandes, democracias grandes, economias fortes. Então, com certeza, vamos continuar essa amizade por outros 200 anos e muito mais”.
Roberson acredita que o diálogo seguirá aberto. "O Brasil e os Estados Unidos têm uma história longa de amizade, de relações bilaterais fortes. Como qualquer amizade, pode haver momentos de conversas difíceis, negociações, mudanças. Mas isso é parte do processo de fortalecimento da relação: chegar a acordos que beneficiam os dois lados".
Quem é Amanda Roberson?

Amanda Roberson é a porta-voz em português do Departamento de Estado e vice-diretora do Centro de Mídia das Américas, com sede em Miami, Flórida. Roberson serviu anteriormente em missões dos EUA na Albânia, Brasil, Nigéria e México. Antes de ingressar no Serviço Exterior, Ela trabalhou como diretora de comunicação da maior organização sem fins lucrativos hispânica do Arizona, como jornalista na Costa Rica e como voluntária do Corpo da Paz na República Dominicana. Roberson possui um MBA pela Thunderbird School of Global Management e um bacharelado em Inglês e Jornalismo pela Emory University.