O que é o pirossoma e o que essa estranha criatura diz sobre o ecossistema marinho
De formato cilíndrico e podendo medir mais de 10 metros, espécie tem se proliferado em meio às ondas de calor nos oceanos e altera a cadeia alimentar
Uma pesquisa publicada na revista Nature esta semana que busca esclarecer os impactos das ondas de calor marinhas na estrutura e no funcionamento dos ecossistemas destacou o papel dos pirossomas. Esses organismos gelatinosos, que surgiram em abundância na costa do Oregon, nos Estados Unidos, entre 2014 e 2018, têm sido objeto de estudo devido às suas potenciais consequências para o ecossistema marinho.
Encontrados em água com temperaturas de 7 a 30°C, com tamanhos que variam de 1 a 18 metros, os pirossomas são colônias formadas por centenas de milhares de pequenos organismos que se reproduzem de forma assexuada, clonando-se a si mesmos e conectados por tecidos, formando uma espécie de cilindro.
Eles se alimentam de plâncton por filtração, sendo altamente eficientes nesse processo e capazes de transportar carbono para profundidades oceânicas. Apesar do aspecto e do comportamento aparentemente inofensivo desses seres, o estudo sugere que a presença cada vez mais frequente desses organismos pode desequilibrar a cadeia alimentar e os fluxos de energia nos ecossistemas marinhos.
A pesquisa analisou dados de seis estudos de longo prazo e informações sobre a dieta de várias espécies para construir modelos de redes alimentares antes e depois das ondas de calor marinhas, focando na região da Corrente do Norte da Califórnia. Os resultados mostram mudanças significativas, com os pirossomas emergindo como um elemento chave nessas alterações.
A abundância dos pirossomas, mostrou o estudo, afetou diretamente a disponibilidade de energia para outros grupos com hábitos alimentares semelhantes, como pterópodes (um tipo de molusco), krills (animais semelhantes aos camarões) e sardinhas, levando a mudanças na dinâmica da cadeia alimentar.
Apesar de serem consumidos por algumas espécies, a maior parte da biomassa dos pirossomas acaba sendo depositada no fundo do mar, o que pode ter implicações negativas para outras espécies, incluindo peixes comercialmente importantes, como o salmão Chinook e o bacalhau.