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Eleições legislativas na Argentina testam força do governo Milei em meio à crise e denúncias

Votação de domingo ocorre em cenário de instabilidade política, acusações de corrupção e piora econômica

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Javier Milei é acusado de aplicar golpe financeiro / Reprodução Redes Sociais
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A Argentina se prepara para as eleições legislativas de meio de mandato neste domingo (26) em meio a uma grave crise política e econômica que pressiona o governo de Javier Milei.

O pleito renovará 127 das 257 cadeiras da Câmara dos Deputados e 24 das 72 vagas do Senado. A votação é considerada um teste crucial para o governo neoliberal, que enfrenta queda de popularidade e dificuldade para avançar com suas reformas no Congresso.

Para o professor Leo Braga, do curso de Relações Internacionais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio, o peso das eleições é significativo para eficiência do governo Milei.

“As eleições legislativas são um exercício típico de renovação do quadro parlamentar e de fortalecimento do espírito democrático. No entanto, impõem um desafio: construir maioria no Congresso para garantir a governabilidade e a aprovação dos projetos do governo”, destacou.

Contexto econômico

Nos últimos meses, Milei tem enfrentado uma forte recessão, inflação persistente e perda de apoio popular. O país acumula quatro trimestres consecutivos de retração econômica, e os índices de pobreza já ultrapassam 50% da população.

O governo também é alvo de denúncias de corrupção que envolvem a chefe de gabinete e irmã do presidente, Karina Milei, acusada pela oposição de direcionar verbas públicas a aliados políticos.

No cenário internacional, Milei enfrenta pressão do governo dos Estados Unidos. Donald Trump, aliado político do presidente argentino e defensor de sua agenda liberal, teria condicionado uma ajuda financeira bilionária, oficializada em 20 de outubro, à manutenção da estabilidade política e à aprovação das reformas econômicas.

Num primeiro momento, as medidas fiscais implementadas por Milei ajudaram a conter a inflação e geraram um superávit inicial, o que animou investidores em um primeiro momento.

De acordo com a agência Reuters, fontes próximas à Casa Branca afirmam que Washington espera que Milei “entregue resultados” para justificar o investimento.

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Contexto político

O país vive um ambiente político altamente polarizado. O partido governista, La Libertad Avanza, tenta conter o avanço do peronismo, que busca se reorganizar sob a liderança do governador de Buenos Aires, Axel Kicillof, apontado como herdeiro político de Cristina Kirchner.

Pesquisas apontam um cenário de empate técnico entre governo e oposição. O instituto Opina Argentina mostra vantagem peronista de 37% a 35%, enquanto a CB Consultora indica Milei à frente, com 40,8% contra 35,4%.

Milei encerrou sua campanha na quinta-feira (23) com um comício em Rosário, buscando reanimar sua base eleitoral e recuperar o entusiasmo que marcou sua vitória em 2023. Em discurso, prometeu “mudar a Argentina de uma vez por todas” e afirmou que o país “não pode retroceder ao modelo do passado”.

O resultado das urnas será decisivo para o futuro político de Milei. Uma vitória expressiva pode dar fôlego ao governo para aprovar suas reformas e reforçar a aliança com Trump. Uma derrota, por outro lado, fortaleceria o peronismo e aprofundaria a crise de governabilidade.

“Como cortar gastos com reformas ultraliberais e ajustes fiscais se a irmã do presidente é acusada de se beneficiar financeiramente em um esquema de corrupção? O exemplo, que deveria vir de cima, gera indignação social”, conclui o professor Leo Braga.

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