Como se posicionaram países do Conselho de Segurança da ONU sobre ataques dos EUA contra o Irã?
Em reunião de emergência neste domingo (22), Rússia e China condenaram o ataque norte-americano às instalações nucleares iranianas

Wagner Lauria Jr.
A reunião de emergência realizada pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), neste domingo (22), sobre os bombardeios realizados pelos Estados Unidos contra instalações nucleares do Irã gerou duras reações de aliados históricos iranianos e de países que pedem moderação diante da escalada do conflito contra o Israel.
+ O que se sabe sobre o conflito Israel e Irã, e a intervenção dos EUA
Rússia
A Rússia foi uma das nações mais enfáticas em condenar a ofensiva. O embaixador russo nas Nações Unidas, Vasily Nebenzya, classificou as ações dos EUA como “irresponsáveis, perigosas e provocativas”.
“[Washington, EUA] abriu uma caixa de Pandora, e ninguém sabe quais novas catástrofes e sofrimentos isso trará”, disse.
O diplomata russo acusou ainda os Estados Unidos de não demonstrarem interesse em uma solução diplomática e cobrou a suspensão imediata das ações militares conduzidas pelos EUA e por Israel.
China e Paquistão
A China também adotou um tom crítico ao ataque e pediu um cessar-fogo imediato. O embaixador chinês na ONU, Fu Cong, defendeu a proteção dos civis e a retomada do diálogo como caminho para evitar uma escalada ainda maior da violência.
“Queremos que todos assumam suas responsabilidades e que o Conselho de Segurança cumpra seu papel de manter a paz internacional”, afirmou Fu
Na mesma linha, o Paquistão se somou aos apelos por um cessar-fogo e expressou preocupação com os impactos humanitários da ofensiva.
França e Reino Unido
Já o Reino Unido e França pediram o retorno à diplomacia, mas se posicionaram contrários ao fato de que o Irã tenha armas nucleares.
"Apelamos para que os iranianos optem pela diplomacia e evitem mais retaliações", disse Jérôme Bonnafont, embaixador da França na ONU.
Barbara Woodward, representante do Reino Unido no Conselho de Segurança da ONU ressaltou que o país é contra o desenvolvimento do programa nuclear no Irã.
“Nosso principal objetivo é o arrefecimento da violência, mas o Reino Unido sempre deixou claro que o Irã não deve, de forma alguma, possuir armas nucleares, pois trataria-se de uma grande ameaça à segurança internacional”, disse Woodward na sede da ONU, em Nova York.
Irã
O embaixador e representante permanente do Irã nas Nações Unidas, Amir Saeid Iravani, usou palavras duras para condenar a intervenção dos Estados Unidos na guerra. Ele chamou de trabalho “sujo” e “sórdido” a postura dos EUA, que decidiu entrar no conflito entre Irã e Israel.
“Os Estados Unidos fizeram um trabalho sórdido em apoio a Israel. Netanyahu sequestrou a política e arrastou os EUA para outra guerra indefensável”, acusou o diplomata.
Iravani disse ainda que Israel "decidiu destruir a diplomacia” quando atacou o Irã há dois dias de uma rodada de negociações.
“Pela perspectiva dos países ocidentais, o Irã tem que voltar à mesa de negociações, mas como pode voltar a algo que nunca deixou?”, questionou o embaixador.
EUA e Israel
Dorothy Shea, embaixadora dos EUA na ONU, defendeu o ataque, além de acusar o Irã de atacar os EUA e Israel.
"Chegou o momento dos Estados Unidos, pela defesa dos nossos aliados, cidadãos e interesses, de agir de forma decisiva", pontuou.
Por sua vez, Danny Danon, embaixador de Israel, agradeceu ao apoio dos EUA após o bombardeio ordenado por Donald Trump contra o Irã.
"Os EUA mostraram coragem e agora o resto do mundo deve seguir o mesmo caminho. O mundo está mais seguro hoje", disse.
Antes da reunião do Conselho de Segurança da ONU começar, Danny já havia elogiado o apoio dos norte-americanos e criticado as demais ações sobre postura neutra diante d programa nuclear iraniano.
"Agora, o restante do mundo precisa mostrar sua gratidão. Alguns vão denunciar os EUA. Outros continuarão a condenar Israel. Mas onde estavam eles quanto o Irã estava caminhando para a bomba”, argumentou o diplomata.