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Acordo de R$ 27 bilhões entre Brasil-China é “bem-vindo, mas exige cautela”, avalia economista

Lívio Ribeiro, da FGV, destaca que entrada de capital chinês pode impulsionar setores estratégicos, mas alerta para incertezas na efetivação dos investimentos

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O anúncio de R$ 27 bilhões em investimentos chineses no Brasil foi recebido com entusiasmo, mas também com cautela por especialistas. Segundo Lívio Ribeiro, economista do FGV IBRE e da consultoria BRCG, o país carece de capital para investimentos em infraestrutura e produção.

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"O Brasil tem um nível de poupança muito baixo, e a China é exatamente o espelho disso. Ela tem uma taxa de poupança super elevada e precisa buscar rentabilidade fora de suas fronteiras", explica.

Apesar da importância do acordo, Ribeiro ressalta que nem todo investimento anunciado se concretiza. "Existe um padrão usual de divulgação de investimento não se traduzir em investimento de fato, até porque os prazos são muito dilatados", alerta. Ainda assim, ele reconhece que são “entradas de capital inequivocamente bem-vindas”.

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Entre os setores mais beneficiados estão o automotivo, energia e infraestrutura — áreas consideradas estratégicas para destravar o crescimento do país. "É tudo o que a gente precisa para dinamizar a infraestrutura, aumentar a competitividade e a produção industrial do Brasil", avalia Ribeiro. Ele destaca ainda que muitas das empresas envolvidas já têm presença no mercado brasileiro, o que deve facilitar o processo.

O economista Lívio Ribeiro, da FGV (Reprodução/SBT)
O economista Lívio Ribeiro, da FGV (Reprodução/SBT)

Longo prazo

O economista observa, no entanto, que os efeitos não serão imediatos. "Investimentos nunca são feitos de um mês para o outro. Tipicamente, são coisas que são diluídas no decorrer de anos", diz. Para ele, o impacto real na geração de empregos, por exemplo, pode ser difícil de perceber. “Se você dilui vagas em dez anos, a percepção da sociedade será muito pequena.”

Outro ponto avaliado por Ribeiro é a transformação no perfil dos investimentos chineses. Antes concentrados em commodities e energia, agora passam a contemplar bens de consumo e, em uma etapa mais avançada, pesquisa e desenvolvimento. "O que estamos vendo no Brasil é um menu de todos esses temas, com foco ainda nos setores mais tradicionais, mas já com sinais de diversificação", afirma.

Para que o país colha os frutos dessa nova fase, é fundamental investir na base. "Não adianta ter pesquisa, geração de valor e produtos sofisticados se, para chegar ao porto, você enfrenta um problema logístico que encarece tudo", conclui. A presença chinesa pode ser estratégica, desde que o Brasil consiga alinhar infraestrutura, produtividade e visão de longo prazo.

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